Vigilância investiga mortes de quem tomou vacina em MS
Vigilância em Saúde de Mato Grosso do Sul já estuda mortes que ocorreram após vacinação contra a Covid-19. Segundo a diretora do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), Rosana Leite, o hospital já notificou casos, no entanto, a causa não está relacionada ao imunizante.
Leite explica que a Vigilância em Saúde do Estado já utiliza um questionário para estudar os casos, com doses da vacina, período da imunização e infecção pelo vírus. Entretanto, ainda não foram repassados os resultados com número de casos ocorridos no Estado.
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De acordo com Leite, ao menos três pacientes do hospital já morreram após receberem o imunizante.
O primeiro caso foi de um homem idoso que havia tomado a vacina há menos de uma semana, e por isso contraiu o vírus antes de ter uma resposta imunológica suficiente.
O segundo caso foi de uma funcionária do Hospital que recebeu apenas a primeira dose do imunizante.
“Uma funcionária tomou só a primeira dose, já era para ter algum tipo de imunidade mesmo sem chegar a tomar a segunda. E teve um colega médico que trabalhava aqui no hospital que morreu na última semana e já tinha tomado as duas doses, mas por conta de complicações faleceu pela doença”, relata.
A infectologista, Ana Lúcia Lyrio, responsável pelos testes da Coronavac no Estado, destaca o caso do médico pediatra Virgílio Gonçalves de Souza, que já havia recebido a vacina contra a Covid-19 e morreu no dia 14 de abril, após complicações da doença. Segundo a infectologista, o médico utilizava medicamentos imunossupressores, que reduzem a eficiência do sistema imunológico.
“Ele não consegue ter defesa. A morte tem correlação com a medicação em uso no paciente, imunossupressão. Tem de continuar cuidando, porque a pessoa pode precisar de internação e não ter vaga e morrer porque não conseguiu tratar”, explica.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Souza estava internado no hospital Unimed e possuía doenças autoimunes. O médico trabalhava no Hospital Regional e fazia plantões da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino.
EFICÁCIA
Atualmente, o Estado conta com dois imunizantes contra a Covid-19, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chines Sinovac, e a Astrazeneca, produzida pela Universidade de Oxford.
De acordo com a infectologista, Mariana Croda, a vacina do Butantan apresenta eficácia geral de 50,38% nos testes brasileiros, possui uma variação de 83,7% de eficácia nos casos moderados e graves e é 78% eficaz nos casos leves da Covid-19. Isto quer dizer que com a aplicação das duas doses da vacina, há grande probabilidade de redução do número de internações pela doença.
A eficácia geral da Astrazeneca apresentada nos testes foi de 79% nos casos sintomáticos após aplicação das duas doses.
No entanto, Croda ressalta que ainda não há dados conclusivos a respeito da eficácia da Astrazeneca no Brasil.
VARIANTES
No Estado, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) realizou estudos sobre a variante P.1. De acordo com os dados apresentados, a nova cepa atingiu 82% das 38 amostras analisadas entre os dias 6 a 9 deste mês.
A equipe representada pelos pesquisadores Júlio Croda, Ana Rita Coimbra e James Venturini explicou que a P.1 possui maior transmissibilidade, atinge a população mais jovem, apresenta uma evolução mais rápida e causa maior gravidade da doença, além de diminuir a efetividade das vacinas.
No Brasil, circulam principalmente três variantes do coronavírus, a britânica (B.1.1.7), a sul-africana (B.1.351) e a brasileira (B.1.1.28). Da brasileira surgiram a P.1 (de Manaus), considerada a mais agressiva, e a P.2 (do Rio de Janeiro).
Na semana passada, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou a eficácia da Coronavac em neutralizar e impedir a infecção pelas variantes que surgiram no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil. Uma pesquisa da universidade britânica de Oxford mostrou que a vacina da farmacêutica Astrazeneca também é eficaz contra as variantes mais conhecidas e transmissíveis do coronavírus, principalmente a brasileira.
Fonte: Correio do Estado, Ana Karla Flores