Após ‘luta por leito’ em MS, vendedora perde mãe e irmão gêmeo para Covid em intervalo de 8 dias

O pedido de socorro da vendedora Walquiria Brites, de 32 anos, ocorreu por meio de um vídeo, o qual ela, emocionada, pedia um leito para a mãe, de 73 anos, em Campo Grande. No início deste mês, o apelo deu certo e a idosa foi para o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HR-MS), porém, faleceu após 3 dias. E as esperanças da filha foram para o irmão gêmeo que, infelizmente, também perdeu a batalha para a Covid-19, há 3 dias.

Minha mãe se foi no domingo de páscoa e meu irmão gêmeo faleceu na última segunda-feira (12). Quando minha mãe já estava em tratamento, ele não sabia que estava com Covid e depois que ela foi para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] é que ele também foi internado. Eu tinha muito esperança que ele ia se recuperar”, afirmou ao G1 Walquiria.

Conforme a vendedora, o irmão apresentou uma melhora repentina, porém, teve uma parada cardíaca e faleceu em seguida. “Ele estava ansioso para ir para casa. Mas é algo até estranho de falar, só que hoje vejo que faz sentido. Minha mãe sempre dizia que meu irmão ia embora com ele, porque eram apegados demais e ele sofreria demais. Ele sempre viveu grudado a ela, faziam tudo juntos, moravam juntos, inclusive no momento em que ele descobriu um problema renal crônico”, disse.

Sebastiana Brites está internada em UPA aguardando transferência para um hospital de Campo Grande — Foto: Walquiria Brites/Arquivo pessoal
Sebastiana Brites está internada em UPA aguardando transferência para um hospital de Campo Grande — Foto: Walquiria Brites/Arquivo pessoal

Sem a mãe e o irmão gêmeo, Walquiria fala que está sentindo “um vazio muito grande”. “Primeiro consegui o leito e minha esperança reviveu, de que minha mãe sairia bem. Depois, foi no meu irmão e ele se foi também. Eu estava quase todos os dias com eles, nos falávamos sempre. Agora sinto um vazio, de não poder ligar, penso que metade de mim se foi”, lamentou.

Ainda conforme a vendedora, o pai é falecido há 17 anos e a família sempre foi a mãe e os irmãos. “Agora restou só eu, meu esposo e filho pequeno. Nós estamos com Covid, porém, assintomáticos. Estou no meu 13° dia de isolamento e bem quieta em casa, para isso tudo passar logo”, falou.

 

 

 

Por Graziela Rezende, G1 MS