Desde o início da safra 2020/21, a perspectiva para a produção de milho já se mostrava otimista. O excelente resultado obtido na última temporada, além dos bons preços pagos pelo cereal recentemente influenciaram os produtores a optarem pelo plantio do grão em algum momento do ciclo (seja na primeira, segunda ou terceira safra), gerando uma expectativa de incremento na área semeada, bem como no volume final alcançado.
As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam um crescimento de área de 5,2% chegando a 19,495 milhões de hectares. Com uma produtividade média de 5.543 kg/ha (avanço de 0,2%) a produção estimada está em 108,068 milhões de toneladas, alta de 5,4%. Mato Grosso, principal produtor, terá aumento de quase 6%, passando de 34.9 na safra 2019/20 para 37 milhões de toneladas nesta temporada. Alguns Estados também elevaram sua produção. É o caso do Mato Grosso do Sul que tem alta estimada em 26% (de 8.7 para 11 milhões de toneladas). Por outro lado Santa Catarina deve ter queda dos mesmos 26% (de 2.7 para 2 milhões de toneladas).
Entre os motivos para o ajuste da safra para cima está a expectativa de aumento de 10,3% da produção de milho de segunda safra, volume suficiente para compensar as perdas por motivos climáticos observada na primeira safra na Região Sul. Em outubro, na primeira projeção, eram esperadas 105 milhões de toneladas. Já queda da produção de milho durante a safra de verão poderá causar uma maior escassez do grão enquanto a safrinha não é colhida. O milho primeira safra deve ter recuo de 8,6%, somando pouco mais de 23 milhões de toneladas.
Para os dados de consumo doméstico total, a Conab elevou suas projeções para 72,9 milhões de toneladas durante a safra 2020/21, aumento de 6,2% ao observado na safra 2020. O ajuste leva em consideração a maior demanda do milho para produção de etanol.
A projeção mantém inalteradas expectativas de importação e exportação de grãos de milho em um milhão de tonelada e 35 milhões de toneladas para a safra 2020/21, respectivamente. O estoque final esperado em 2020/21 deverá ser de 11,7 milhões de toneladas, aumento de 10,3% em relação à safra anterior.
No Mato Grosso há uma preocupação com o milho segunda safra plantado fora da janela recomendada devido ao atraso da colheita de soja. A semeadura atinge 60,6%, enquanto que, há um ano, nesta época, era de 92,1%. Ainda há muita área a ser semeada no estado, o que resulta em certo risco climático. Contudo, é importante ressaltar a forte adesão por parte dos produtores em relação a pacotes de alta tecnologia que tende a resultar em rendimento médio elevado e amenizar, em âmbito estadual, os impactos adversos de eventual escassez hídrica. O fato é que tal desempenho depende principalmente do regime de chuvas para os próximos meses e, caso as chuvas se estendam e sejam favoráveis, o rendimento médio será potencializado pelos grandes investimentos que têm sido realizados para a cultura.