Expoente da música de MS, Ailton Missioneiro morre vítima de Covid-19

Um dos grandes nomes da música em Mato Grosso do Sul, o sanfoneiro Ailton Missioneiro morreu vítima da Covid-19, na madrugada desta quinta-feira, dia 11 de março, em Campo Grande. De acordo com o filho dele, Jaime Serejo, de 37 anos, o músico ficou 14 dias intubado no Hospital Regional até não conseguir reagir ao tratamento e falecer nesta madrugada.

Ailton Missioneiro era gaúcho e conservava tradições do Sul do Brasil. Mas morando há mais de 35 anos em Mato Grosso do Sul, se considerava sul-mato-grossense também. O filho Jaiminho conta que ele e o pai tinham na música o maior elo. ‘Comecei já com 8 anos, meu pai sanfoneiro, sempre tocando e tínhamos uma ligação muito grande. Com 14 anos comecei a viver de música profissionalmente e a gente sempre trocava ideia, ele me apoiando sempre’, conta.

Jaime ainda afirma que as notas explicavam muitas vezes o que as palavras não conseguiam. ‘Meu pai não era de falar muito, então com a gente eram poucas palavras e muitos acordes. Nos emocionávamos muito quando víamos o outro tocar. A música é algo divino. Ele se expressava mais pelo instrumento dele. Quem sentava para ver a gente tocar junto, via a energia inexplicável’, descreve.

Além de grande músico, Ailton é considerado um dos maiores incentivadores de diversos cantores e artistas de sucesso de Mato Grosso do Sul, incluindo Michel Teló. “O Aílton Missioneiro vivia de música, e eu não vivia disso no começo da carreira. A gente acabou dando alguns cachês para ele no início de tocar em bares. Ele incentivou muito a gente no começo”, afirmou Teló, em entrevista ao Domingão do Faustão em 2011.

Ailton Missioneiro apresentou sintomas da Covid-19 há cerca de três semanas. Ele chegou a procurar atendimento médico em uma farmácia, mas após os sintomas persistirem, foi até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde uma pneumonia foi constatada. Ele foi encaminhado ao Hospital Regional de Campo Grande, onde fez teste de Covid-19 e foi intubado.

‘Ele fez a triagem no HR e lá falaram que provavelmente era Covid. Antes de ser intubado, ele ligou pra gente, para se despedir. Ele ficou 14 dias intubado, mas não conseguiu reagir, o rim parou, pulmão ficou comprometido, até que essa madrugada ligaram do hospital para dar a notícia que não queríamos ouvir’, conta Jaime. Ailton era obeso, tinha diabetes e era hipertenso, comorbidades que podem ter feito a doença se agravar.

Ailton Missioneiro e o filho, Jaiminho. Música foi o grande elo da relação entre pai e filho.  — Foto: Arquivo Pessoal
Ailton Missioneiro e o filho, Jaiminho. Música foi o grande elo da relação entre pai e filho. — Foto: Arquivo Pessoal

Jaiminho afirma que, para além da música, o maior legado do pai é a simpatia que ele tinha com as pessoas. ‘Ele tinha um coração muito grande, visto por todas as pessoas que já conheceram ele. Era um cara que só queria o bem dos outros, ficando feliz pela conquista do outro. O maior legado que vamos levar é abrir essas portas em todo lugar, esse carinho e respeito que ele deixou por onde passou’, finaliza.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) nesta quinta, Mato Grosso do Sul apresenta 191.326 casos de Covid-19 e 3.537 óbitos pela doença.

 

 

 

Por João Pedro Godoy, G1MS