Pazuello altera previsão de novo e diz que Brasil terá menos vacinas até fim de março
O ministro da saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira (8) que o Brasil deve ter até o fim de março entre 25 e 28 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.
A previsão de doses no período já foi alterada várias vezes anteriormente:
- 46 milhões – previsão feita em fevereiro
- 38 milhões – previsão do início de março
- 30 milhões – previsão de sábado (6)
- 25 a 28 milhões – nesta segunda (8)
“Nosso objetivo é ter em março, próximo aí a 25 milhões, 28 milhões de doses já realmente entregues para que a gente cumpra o Plano Nacional de Imunização”, disse Pazuello nesta segunda, em cerimônia na Fiocruz.
Na semana passada, enquanto aumentavam as mortes e o contágio de brasileiros por Covid-19, o Ministério da Saúde já tinha diminuído em 35% a previsão de doses de vacina disponíveis em março.
A estimativa inicial de 46 milhões de doses caiu para 38 milhões, depois 37 milhões. Neste sábado (6), o ministério cortou a previsão para 30 milhões de doses.
Nesta segunda, Pazuello explicou os ajustes na previsão e afirmou que o laboratório Serum, da Índia, vem atrasando a entrega.
“Não foi entregue o quantitativo de IFA contratado para a produção de 15 milhões de doses em janeiro. Então a Astrazeneca nos forneceu a entrega de 12 milhões de doses prontas, que seriam do laboratório indiano Serum. E esse laboratório vem fazendo uma postergação da entrega. Então, até agora vieram quatro milhões – ainda faltam oito. Nessa negociação, vamos ter que fazer uma pressão política, diplomática e até pessoal nossa com a Astrazeneca cobre do Laboratório Serum, para que ele cumpra a entrega dos oito milhões que faltam”.
“Neste momento, a Índia, como país, dificultou o processo porque ela proibiu a exportação”, acrescentou.
“Vamos ter que fazer uma pressão política, diplomática e até pessoal nossa para que a Astrazeneca cobre do Laboratório Serum, para que ele cumpra a entrega dos oito milhões que faltam. Os país no mundo estão variando com suas posições diplomáticas e posições comerciais porque o troço ele realmente é instável”, disse o ministro.
“Então, é por isso que nós estamos falando de produção nacional, porque se nós não tivermos uma produção nacional como temos hoje no Butantan e na Fiocruz, nós não vamos ter condição de vacinar em massa o nosso país”.
Produção em larga escala
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou nesta segunda-feira (8) o início da produção em larga escala, em solo brasileiro, da vacina de Oxford/AstraZeneca. A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”.
O imunizante fabricado com insumos importados (IFAs) da China passou nos testes de estabilidade e de consistência. Com isso, devem ser entregues 3,8 milhões de doses ao Ministério da Saúde até o fim de março.
Também nesta segunda, o assessor especial do Ministério da Saúde, Airton Soligo, disse que até junho o Brasil deverá ter 14 milhões de doses de vacina da Pfizer.
“O que que o presidente da Pfizer garantiu ao presidente Bolsonaro hoje? A antecipação de 5 milhões do segundo semestre para maio e junho. Ou seja, dos nove milhões que nós tínhamos previstos, se incorporarão mais cinco milhões de doses, passando para 14 milhões”, disse o assessor especial da Saúde.
A Pfizer é a única vacina que, até o momento, possui o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Lacração deu defeito
A primeira remessa dessas doses deveria ser distribuída nos próximos dias, mas foi adiada para pelo menos 24 de março. A Fiocruz explicou que o atraso foi por causa de uma falha técnica em uma máquina de lacre da embalagem.
Segundo a fundação, o defeito já foi solucionado na semana passada.
Pelo calendário ajustado, um total de 30 milhões de doses deve ser disponibilizado até abril, e 100 milhões até meados do ano. Elas serão usadas no Programa Nacional de Imunização (PNI), coordenado pelo governo federal.
‘Uma guerra’, diz vice
Nos testes, a Fiocruz analisa uma possível contaminação no frasco e se o volume preciso foi depositado corretamente em cada vidro.
Segundo a “Folha”, três produções seguidas e independentes têm que ser finalizadas. Caso haja qualquer falha em uma delas, a produção é abortada e tem de recomeçar do zero.
“Vários parâmetros têm que ser minuciosamente observados. Normalmente é necessário perder mesmo muito tempo com tudo isso. É uma guerra. Mas que foi finalizada”, disse à “Folha” Marco Krieger, vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fiocruz.
O primeiro lote de um milhão, justamente o que passou nos testes principais, já pode, portanto, ser comercializado. E a fábrica deve entregar no total os 3,8 milhões de doses até o fim de março.
Por G1 Rio