“Nós criamos todos nossos três filhos, no cabo da enxada e do cabo do arado”, diz Erotilde Eliza de Souza, ao lado do marido, José João de Souza, ambos de 58 anos. Eles são os pais de Edmarcia Elisa de Souza que, nesta quinta-feira em Brasília, às 19h, receberá o Prêmio Capes-Interfarma 2015 de Inovação e Pesquisa, em solenidade em que a presidente da República, Dilma Roussef, deverá estar presente. Esta honraria é concedida para as duas melhores teses de doutorado defendidas na área de Saúde Humana ou Ética/Bioética no Brasil. O casal relata, com orgulho, que enfrentou todos os obstáculos para a formação acadêmica da filha até o reconhecimento de sua tese, que investigou o papel de um tipo de proteína, as quinases, no surgimento de doenças humanas.
Erotilde afirma que ela e o marido nunca saíram da roça que fica na 10º Linha no distrito de Culturama, município de Fátima do Sul. “Eu nunca sai da lavoura . Graças a Deus estou aposentada, os meninos me ajudam, mas nós criamos eles na enxada, de segunda a sábado. Na época era tudo manual, carpir, passar veneno com máquina nas costas. Até eles saírem de casa foi no cabo da enxada, na dureza mesmo”, lembra. Além de Edmarcia o casal tem mais dois filhos: o mais velho, Márcio, é formado em Administração e mora em Campo Grande e a filha caçula Kathiani, faz mestrado em Ciências da Computação na cidade de São Carlos (SP).
Para Edmarcia, prêmio é também de seus pais
Do que se trata a pesquisa e quando foi iniciada?
A pesquisa foi iniciada em 2010 como tema da minha tese de doutorado. A proposta da tese foi estudar a função de um tipo de proteína humana, denominada Nek7 quinase, ao nível de molécula e de célula humana. Para a realização da pesquisa nós empregamos técnicas de ponta como a miscroscopia confocal combinada com reconstrução tridimensional de imagem, que permitem a análise da divisão de uma célula humana no seu estado vivo e em tempo real. ?
(*) A reportagem, de Fausto Brites e Gildo Tavares, está na edição de hoje do jornal Correio do Estado.