Soja fica parada em caminhões por causa de atoleiros na BR-158 em MT e produtores reclamam de prejuízos

Toneladas de grãos estão se perdendo nos caminhões parados nas filas que se formam no trecho da BR-158, entre Mato Grosso e Pará, por causa dos atoleiros. As péssimas condições da rodovia causam prejuízos a empresários, caminhoneiros e produtores de soja do estado.

Desde que as chuvas se intensificaram, a BR-158 está com filas de caminhões carregados de soja. A rodovia tem 800 km em Mato Grosso. Desses, 120 não são asfaltados porque passam em terra indígenas.

Em MT, caminhoneiros com soja ficam atolados na estrada por falta de desvio

 

O Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) fez o projeto de construção de uma nova rota, contornando a área protegida. Já foi feita a licitação de um trecho, e tem estudos para o outro trecho, mas depende ainda de recursos disponíveis no orçamento.

“Uma vergonha para Mato Grosso e para o Brasil. A gente precisa de menos conversa, menos promessa e mais atitude em relação a esse trecho sem pavimentação”, diz um produtor rural.

A rodovia federal é um dos principais corredores do transporte de grãos de Mato Grosso até os portos do Pará.

A lentidão causada pelas más condições da estrada provocou um congestionamento que já dura uma semana no Porto de Miritituba , no Pará.

Mato Grosso é o maior produtor de soja do país — Foto: Divulgação/Confederação Nacional da Agropecuária
Mato Grosso é o maior produtor de soja do país — Foto: Divulgação/Confederação Nacional da Agropecuária

 

Mato Grosso é o maior produtor de soja do país. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, o estado é responsável pela produção de 35,4 milhões de toneladas das 133,81 milhões de toneladas que o país deve produzir neste ano.

Além da rodovia federal, as estradas estaduais também tem atoleiros que dificultam o escoamento da produção.

Caminhões atolados em rodovia — Foto: TVCA/Reprodução
Caminhões atolados em rodovia — Foto: TVCA/Reprodução

 

Os agricultores e os caminhoneiros se revezam na tarefa de liberar caminhões que passam pela MT-322.

O problema que se arrasta há anos não acompanha o avanço da produção agrícola. A colheita de soja e o plantio de milho ocorrem ao mesmo tempo, mas quando esbarram na infraestrutura o resultado é de perda.

Um produtor relata que caminhões estão parados há cinco dias na estrada e enquanto isso os grãos estão tomando chuva.

O pátio de uma indústria de óleo e farelo de soja, em Porto Alegre do Norte (MT) está com 50 caminhões parados, o que, de acordo com o empresário Ernando Cardoso, gera prejuízo diaria de R$ 1, 5 milhão.

Os caminhões estão carregados de produto para levar pros clientes da indústria e não pode trafegar e a empresa deixa de faturar porque não consegue entregar o produto e o prejuízo maior ainda é quando o cliente cancela o contrato porque não recebe o produto.

A indústria fica ao lado da BR-158 no nordeste do estado.

O Dnit informou que enviou equipes para o trecho sem asfalto da BR-158 para ajudar a desatolar os caminhões. Como essa parte da rodovia não pode ser pavimentada vai fazer dois desvios.

Segundo o governo de mato grosso, o estado enviou reforços há dois dias para ajudar a desatolar caminhões na MT-322 – que a gente viu no começo da reportagem – e ela está entre as estradas que vão ser beneficiadas por um pacote de infraestrutura apresentado nesta semana.

Por Ianara Garcia, TV Centro América