Governo de Goiás propõe que prefeitos adotem lei seca após as 22h para conter casos de coronavírus

O governador Ronaldo Caiado (DEM) e prefeitos goianos querem proibir a venda de bebidas alcoólicas após as 22h em bares, restaurantes e comércios em geral por meio da lei seca para conter a transmissão do coronavírus no estado. Foram ouvidos prefeitos de cidades que têm leitos de UTIs públicas, para apresentar propostas e avaliar a possibilidade de transferência de pacientes graves entre municípios.

A nova medida será implementada pelo governo após os prefeitos responderem a uma enquete se são favoráveis ou não à nova medida. Assim que a votação alcançar votos positivos da metade e mais um prefeito, o governo tomará a decisão por meio de decreto. Até as 15h50 desta segunda-feira, o governador informou que 50 prefeitos já votaram e 97% deles são favoráveis.

Videoconferência do governador Caiado com os prefeitos de Goiás — Foto: Reprodução/Facebook
Videoconferência do governador Caiado com os prefeitos de Goiás — Foto: Reprodução/Facebook

Caiado alertou para a alta taxa de ocupação dos leitos de UTIs no domingo (24), enquanto recebia 65,5 mil doses da vacina Astrazeneca/Oxford em Goiânia. O político avaliou o indicador como “no limite”.

A principal preocupação apresentada por prefeitos é a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais e estaduais. Os prefeitos de Itumbiara, Porangatu, Jataí, Luziânia e Formosa informaram que todos os leitos estão ocupados.

Anápolis, Rio Verde, Aparecida de Goiânia e Goiânia têm vagas de UTI para receber pacientes graves de Covid-19 dos municípios com superlotação, que, segundo o governador, pode ser estudada uma forma de transferência dessas pessoas para as vagas disponíveis.

O prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, aproveitou o momento para solicitar instalação de novos leitos na cidade pela Secretaria Estadual de Saúde.

Para o governador Ronaldo Caiado, a crescente taxa de ocupação na rede hospitalar pública pode se agravar sem a adoção de medidas restritivas.

“Minha visão médica é que podemos, amanhã, estar numa situação crítica”, pontuou o governador.

 

Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, os bares são os locais de maior risco de contágio.

“Porque as pessoas se aglomeram e retiram a máscara. Quando tem bebida alcoólica, a pessoa fica mais tempo no local. Essa seria medida a restritiva [lei seca] para evitar aglomerações”, avaliou Amorim.

 

O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, que representa os setores de bares e restaurantes, apoiou a medida, mas de forma momentânea.

“Podemos aumentar os leitos e ofertas de tratamento de Covid-19 e que possamos, na medida que a pandemia for diminuindo a intensidade, reduzir a lei seca para que os comércios voltem ao normal”, avaliou Baiocchi.

Crescimento de casos positivos

 

 

A superintendente de saúde Flúvia Amorim ainda apresentou um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) que mostra que a segunda onda da Covid-19 chegou ao estado.

Para Amorim, o temor é que este momento seja pior que o primeiro, como tem sido vista em outros estados, apontando o exemplo do Amazonas, que entrou num colapso da rede pública de saúde.

O estudo separou 10 cidades goianas que apresentam grau elevado de transmissibilidade da doença. Flúvia Amorim explica que os municípios que tem taxa média de contágio acima de 1 ponto, está com a transmissão do vírus em estágio “acelerado”. Então, cada caso positivo gera mais um. Veja abaixo:

  • Goiânia: 1.01
  • Aparecida de Goiânia: 1.52
  • Rio Verde: 1.75
  • Águas Lindas de Goiás: 1.54
  • Luziânia: 1.74
  • Valparaíso de Goiás: 1.76
  • Trindade: 1.83
  • Formosa: 1.27
  • Novo Gama: 1.75
  • Senador Canedo: 1.61

 

Testagem em Goiânia

 

 

A escalada dos casos positivos em Goiânia preocupa a administração municipal, conforme fala do secretário de Saúde da capital, Durval Fonseca Pedroso.

Na última testagem em massa realizada pela prefeitura em janeiro mostraram que a taxa de transmissão do vírus subiu para 14%, numa amostra de 4 mil pessoas, enquanto a mesma taxa era de 3,5% em novembro do ano passado.

“Dos testados, 200 pessoas passaram por avaliação médica e metade apresentava sintomas da doença. O que preocupa é a circulação do assintomático de maneira mais relaxada”, ressaltou o secretário.

 

Como a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Goiânia está próxima a 80%, o secretário informou que foram acrescentados mais 28 leitos exclusivos para a Covid-19.

“Essa questão dos bares deve ter avaliação sobre a permanência das pessoas neles. Precisamos de fiscalização mais ostensiva neste momento”, opina Pedroso.

 

Primeira profissional da saúde é vacina contra o coronavírus em Goiás — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera
Primeira profissional da saúde é vacina contra o coronavírus em Goiás — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera

 

 

 

 

Por Rafael Oliveira, G1 GO