As aulas na rede estadual de ensino em Mato Grosso do Sul começam dia 1º de março para cerca de 210 mil estudantes, ainda, no sistema online, a distância. Com a possibilidade de iniciar a vacinação contra covid-19, o cenário pode mudar, podendo ter retorno presencial, com adoção do chamado sistema híbrido.
No dia 4 de fevereiro, os professores retornam aos trabalhos para início da jornada pedagógica, também online.
“Não sabemos ainda, pode ser que volte todo mundo em março”, disse a secretária Estadual de Educação, Maria Cecília Amêndola da Motta. Essa possibilidade, mais remota, estaria relacionada à imunização 100% dos professores, grupo que faz parte da classificação prioritária no Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação contra a Covid-19, divulgado em dezembro do ano passado.
Até agora, o governo federal não estipulou data para início da vacinação. Ontem, foram elencadas três possibilidades: até 20 de janeiro, com as vacinas Coronavac, produzidas pelo Instituto Butatan e Oxford-Astrazeneca, importadas da Índia; 20 de janeiro a 10 de fevereiro, com as mesmas vacinas e de 10 de fevereiro a março, a hipótese mais tardia.
Mesmo que não tenha alcançado a imunização total dos professores, a volta ao ensino presencial pode ocorrer a partir de março, em um “quadro mais ou menos controlado”, explica a secretária, podendo ser adotado nas 345 escolas da rede estadual.
Neste caso, o governo estadual deve adotar o protocolo do ensino híbrido, elaborado por comissão e apresentado em novembro. Na lista, medidas de biossegurança, como distanciamento de 1,5 metro, uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), aferição de temperatura, dispensers com álcool em gel, higienização das salas e horários diferenciados na entrada e saída dos alunos.
Nesta modalidade, as classes terão até 30 alunos, sendo dividida em duas turmas de 15 estudantes. Enquanto um grupo tiver aula presencial durante a semana, outro poderá estar em casa, desenvolvendo atividades ou outro ambiente da escola, como biblioteca ou a campo.
É a “Escola da Autoria”, que tem como proposta incentivar o protagonismo do aluno para que sejam autores do próprio conhecimento, baseada em quatro pilares (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser). Em MS, o sistema já vinha sendo adotado em pelo menos 12 escolas da Capital e pelo interior.
No pior cenário, em que o plano de vacinação não saia do papel, as aulas permanecem
100% digital. O sistema esbarrou na precariedade do sinal da internet em locais distantes e na falta de condições das famílias em fornecer celulares ou computadores para os alunos, desmotivando a permanência na escola.
“A pandemia escancarou a desigualdade social”, disse a secretária. No ano da pandemia, em média, as escolas públicas no Brasil tiveram índice de 25% a 30% de evasão, índice que pode ter caído com trabalho de resgate feito pelas escolas, convencendo pais e alunos ao retorno às escolas. Os dados definitivos sobre o abandono escolar em MS ainda serão divulgados.
Segundo a secretária, em Mato Grosso do Sul, os alunos sem conexão à internet receberam material impresso, entregue pelos professores ou puderam acompanhar as aulas pela TV, após concessão de linha dada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Muito disso foi possível pelo esforço dos professores e alunos. Os problemas enfrentados pelos estudantes ficarão evidentes nos resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). As provas estão previstas nos dias 17 e 24 de janeiro. “O Enem vai mostrar muita coisa que precisávamos saber e os gestores públicos vão ter que buscar a equidade”.
*Campo Grande News – Silvia Frias