Saiba como começar o ano novo com o nome limpo e as contas em dia

Superar os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus está entre os principais desafios globais em 2021. Para milhões de brasileiros, a situação financeira tem um complicador a mais: o nome inscrito na lista de devedores. Para começar o ano novo com o nome limpo, é preciso planejamento e estratégia.

Os dados mais recentes da Serasa indicam que, até novembro, cerca de 64 milhões de brasileiros estavam com o nome sujo. Já um levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que, também até novembro, 25,7% das famílias brasileiras estavam inadimplentes.

 

 

Com o nome sujo, o consumidor dificilmente tem acesso a crédito no mercado. Bancos e instituições financeiras negam a concessão de empréstimos, lojas se recusam a ofertar compra parcelada em crediário, e nem mesmo cartões de crédito são emitidos para aquele que é considerado mau pagador.

Ter crédito restrito pode ser um agravante diante do atual contexto econômico do Brasil, que registra desemprego em nível recorde e vê a inflação voltar a assombrar o consumo.

Quem tem o nome sujo só tem duas opões para regularizar a situação: pagar o que deve, ou esperar o prazo de prescrição da dívida, a partir do qual ela não pode ser mais cobrada – o que pode levar até 10 anos. Para voltar a ter acesso a crédito imediato, somente a primeira opção é válida.

Para quitar a dívida, é preciso procurar diretamente a empresa que fez a inclusão, ou seja, a credora da dívida, e tentar renegociar o pagamento. Muitas empresas oferecem facilidades para os inadimplentes regularizarem a situação, como o parcelamento do débito ou até a retirada de juros.

De acordo com a Serasa, a partir do pagamento da dívida a empresa credora tem prazo de até cinco dias úteis para fazer a exclusão do CPF do devedor do cadastro de restrição ao crédito. Em caso de parcelamento da dívida diante de uma renegociação, a exclusão do cadastro tem de ser feita, no mesmo prazo, logo após o pagamento da primeira parcela.

“É sempre bom ressaltar que se o consumidor não honrar os próximos pagamentos, das próximas parcelas, o nome dele poderá voltar a ser negativado”, ressaltou a coordenadora de educação financeira da Serasa, Joyce Carla.

 

Colocando as contas em dia

 

 

Segundo a professora da Escola de Negócios da PUC-Rio, Graziela Fortunato, que é doutora em administração de empresas e especialista em finanças pessoais, o primeiro passo é listar todas as dívidas.

“Mesmo quem esteja com nome limpo, mas sabe que tem dívidas e quer começar o ano sem elas, primeiramente deve anotar o quanto deve”, enfatizou.

 

Depois de listar tudo o que se deve, o próximo passo para colocar as contas em dia é mapear as dívidas, listando a origem delas (a quem se deve) e suas características, como a taxa de juros que incide sobre elas.

Esse mapeamento, enfatizou a especialista em finanças pessoais Graziela Fortunato, vai permitir ao devedor avaliar quais devem ter o pagamento priorizado ou, até mesmo, avaliar alternativas para quitá-las. Além disso, o devedor também deverá se informar junto ao credor sobre as possibilidades de renegociação da dívida.

“Entendendo o quanto deve e onde estão essas dívidas, é possível ver quais são as que têm juros mais altos. Cheque especial e cartão de crédito têm juros muito altos, isso significa que fica mais difícil diminuir a dívida ao longo do tempo caso você deixe rolar”, apontou.

 

Em caso de dívidas com juros muito altos, a orientação da especialista em finanças pessoais é priorizar o pagamento delas, porque fica mais difícil diminuir a dívida ao longo do tempo em que elas rolarem.

“Juros são custos que não possuem benefícios, pois é um aluguel do dinheiro”, enfatizou Graziela.

 

Para quitar as dívidas com juros muito altos, é recomendado pesquisar se há alguma oportunidade de fazer um empréstimo com juros menores.

“Vale a pena pegar um empréstimo mais barato, se possível um empréstimo consignado, cujos juros são menores, para pagar essas dívidas caras, como cheque especial e cartão de crédito, e depois se organizar para pagar essa nova dívida adquirida”, sugeriu.

Por Daniel Silveira, G1 RJ