PMs envolvidos em ação que matou três trabalhadores em fazenda de GO são afastados das atividades operacionais

A Polícia Militar informou que os três policiais envolvidos na ação que terminou com a morte de três trabalhadores rurais em uma fazenda de Cristalina, no Entorno do Distrito Federal, estão “afastados das atividades operacionais enquanto perdurar o inquérito” que apura a situação. Os agentes alegaram que houve um confronto, mas os donos da propriedade acreditam que pode ter ocorrido um “engano”, pois as vítimas foram alvejadas quando tinha saído para caçar.

Os militares envolvidos na ocorrência são os sargentos Ângelo Máximo Morais e Reginaldo Matos Lima e o soldado Bruno Martins Barros.

O caso aconteceu no último dia 25 de novembro. Na ocasião, morreram Francisco da Silva Chaves, de 41 anos, Nelson da Silva Cardoso, de 38, e Aleff Nunes Souto, de 22. Os três trabalhavam na fazenda e, de acordo com os patrões, tinha saído para caçar javalis com armas que precisam recarregar a cada disparo.

A Polícia Civil apura o caso. O delegado Pedro Manuel Democh afirmou que as investigações estão “bem adiantadas”, mas alegou que não pode dar qualquer detalhe “em virtude do sigilo”.

Mais de 40 tiros

 

 

No boletim de ocorrência, os policiais narraram ter efetuado, ao total, 43 disparos. O advogado que representa o trio, José Patrício Júnior, disse que a quantidade é considerada normal para situações como essa.

“É razoável em casos de confronto [a quantidade de disparos]. Não é só o fato em si, tem toda uma dinâmica”, avalia.

Na ocorrência, os PMs relatam ainda que foram acionados por um homem, que alegava que a propriedade dele estava sendo alvo de um furto. Ele disse que havia de “13 a 14 pessoas armadas” na fazenda. Os policiais relataram que, no dia anterior, tinham sido registrados furtos de gado na região.

No caminho até a propriedade, conforme os policiais, a equipe se deparou com duas motos e três pessoas, foi “recebida a tiros e realizado o devido revide”.

Os policiais contaram que o trio foi baleado e que foi “possível visualizar outras pessoas correndo para dentro da mata”, mas não souberam precisar quantas. Relataram ter levado as vítimas ao hospital, mas elas não resistiram.

Dois policiais afirmaram ter atirado com pistolas calibre 9 milímetros, sendo que um fez dez e outro, oito disparos. O terceiro militar atirou 25 vezes com uma carabina calibre .40. Foram apreendidas três armas que, segundo a PM, estavam com os trabalhadores.

Somente a perícia irá constatar quantos disparos atingiram cada uma das vítimas.

Por Sílvio Túlio, G1 GO