“Agropecuária Digital” é desafio da Embrapa para os próximos anos em MS

De mãos dadas com o novo Plano Diretor da Embrapa Nacional, o até então pesquisador e agora chefe-geral da Embrapa Gado de Corte em Campo Grande, Antônio do Nascimento Ferreira Rosa, prevê avanço na chamada Agropecuária Digital em Mato Grosso do Sul nos próximos anos.

Ela é um dos pilares do plano, lançado ontem em Brasília, e segundo Rosa, é das principais demandas do setor produtivo, já que “a população rural diminui ano a ano, com pouca mão de obra no campo. Assim, os produtores precisam de mais velocidade, precisão e digitalização dos processos”, avalia.

É claro que isso depende do avanço da tecnologia de informação, com internet de qualidade e acessível às regiões, mas o chefe garante que podendo ser implantadas, as ações de cunho digital, “podem ajudar a dar mais efetividade ao sistema produtivo”, assinala.

Entre ações que têm sido desenvolvidas, mas ainda não implantadas, está a de contagem de cabeças de gado por drone ou mesmo, pesagem de bois sem necessidade de irem até o curral para isso, sendo pesados via tecnologia digital no próprio pasto. Medição de temperatura dos animais também poderia ser feita dessa forma.

Antônio Rosa foi selecionado como novo chefe-geral da Embrapa Gado de Corte. (Foto: Divulgação Embrapa)
Antônio Rosa foi selecionado como novo chefe-geral da Embrapa Gado de Corte. (Foto: Divulgação Embrapa)

Há ainda a intenção de aumentar a comunicação com os produtores, dando mais visibilidade às pesquisas da Embrapa Gado de Corte e colocando-as à disposição do setor produtivo.

Rosa cita aplicativos que já trazem, por exemplo, resultados da avaliação genética dos 60 mil touros avaliados como reprodutores, cujo sêmen está disponível (17 mil para compra) e ainda, o Pasto Certo, que apresenta as 14 variedades de gramíneas para pasto desenvolvidas na Embrapa daqui.

Outro viés a ser ressaltado nos próximos anos é a melhoria de produtividade dos sistemas aliadas ao desenvolvimento territorial, ampliando, por exemplo, a variedade de capins “com mais respostas positivas aos vários tipos de clima e solo”, além de melhorias genéticas para “animais que respondam melhor às mudanças”.

A aplicação dessas ações culminaria no desenvolvimento territorial, resgatando muitas vezes, produtores que acumulam prejuízos em suas produções e em risco de abandonarem a propriedade e vendê-las.

Pesquisas realizadas na Embrapa têm o desafio de serem incorporadas à prática do campo. (Foto: Divulgação Embrapa)
Pesquisas realizadas na Embrapa têm o desafio de serem incorporadas à prática do campo. (Foto: Divulgação Embrapa)

“Falta informação, conhecimento, tecnologia” para que os produtores não tenham que abrir mão de seu trabalho e reverter as propriedades a grandes produtores, por exemplo, concentrando a renda no campo.

Carbono neutro – Prevê-se em pelo menos 10 anos, ampliar de 2 milhões para 3 milhões de hectares a área de integração lavoura-pecuária-floresta, que é um modelo de produção que garante menor emissão de gases do efeito estufa à atmosfera.

São 17 milhões de hectares desse tipo no Brasil, com previsão de aumentar em mais 10 milhões em 10 anos em todo País, segundo prevê o Plano Diretor da Embrapa. “Temos que pensar na adaptação e mitigação de efeitos decorrentes das mudanças climáticas, como aumento de temperatura, restrição hídrica e também o aumento de emissão de gases de efetito estufa”, sustenta Rosa.

Segundo ele,  desde 1980 o sistema de integração lavoura-pecuária-florestas é estudado e já está comprovado que é um sistema mais sustentável. “No mundo moderno, se percebe que os importadores acreditam ser muito importante sistemas que respeitam o meio ambiente, tornando-se para o Brasil, mais estratégico economicamente”, destaca.

Assim, o programa CCN (Carne Carbono Neutro), está intimamente ligado a esse sistema, que tem até o momento como grande parceiro o frigorífico Marfrig.

 

 

*Campo Grande News – Lucia Morel