Maior produtor de carne bovina do país, Mato Grosso corre o risco de não ter gado suficiente para o abate a partir de 2021. É o que afirmou nesta quarta-feira (07/10), em comunicado, o Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo-MT).
“A história tende a se repetir, caso não exista imediatamente uma ação direcionada para a equação do problema. A evasão da matéria-prima com a saída de mais de 93 mil animais em único mês representa o abate de 9 indústrias de porte médio”, afirma, em nota, o presidente da entidade, Paulo Bellicanta.
Segundo o Sindifrigo-MT, uma situação semelhante foi vivenciada pelo setor em meados de 2015, quando vários frigoríficos mato-grossenses suspenderam as atividades temporariamente por falta de matéria-prima para o abate.
Nesta semana, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontou que “o momento está tão desconfortável para os frigoríficos que já se verificam plantas entrando em férias coletivas no Estado”.
Após a repercussão, o instituto especificou em nova edição de seu boletim semanal que tratam-se de dois frigoríficos, sendo que um segue paralisado desde abril devido à pandemia de Covid-19 e outro suspendeu as atividades devido à alta da arroba bovina.
“Contudo, cabe ressaltar que esta conjuntura ainda não é válida para todos e depende da estratégia da planta em abastecer os mercados interno e/ou externo, sendo que este último ainda permanece aquecido”, detalhou o Imea.
O presidente do Sindifrigo-MT, contudo, afirma que a falta de matéria-prima já é uma realidade sentida na formação de escalas de abate e a tendência é de que se agrave muito mais no próximo ano, quando faltarão os animais jovens que hoje deixam o Estado.
“Na falta de gado para o abate, a indústria do Estado se vê obrigada a buscar meios para minimizar os impactos negativos e um deles é conceder férias coletivas e reduzir os abates”, explica Bellicanta.
Em seu comunicado, o Sindifrigo-MT afirma que a diferença tributária na comercialização dos animais vivos de um Estado para outro tem gerado uma diferença de 10% no custo de produção dos produtores locais quando comparado a unidades localizadas em regiões mais próximas dos principais canais de exportação, como o Porto de Santos (SP).
“Não há como suportar outros fatores sem o entendimento dos governos de que só é possível um certo grau de industrialização com um certo apoio do poder constituído”, pontua Paulo Bellicanta, em comunicado no qual pede a intervenção do poder público para reequilibrar a situação no Estado.
“Defendemos uma ação rigorosa contra os que utilizam ‘brechas’ legais para usurparem renda do Estado e promoverem desigualdades na competitividade do mercado”
Paulo Bellicanta, presidente do Sindifrigo-MT
* Globo Rural – Cleyton Vilarino