Duas vacinas contra a Covid-19 serão testadas em Mato Grosso do Sul

O governo de Mato Grosso do Sul tenta duas parcerias para trazer ao Estado pesquisas de imunizantes contra o novo coronavírus, a Covid-19. A parceria precisa de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para ser concretizada.

De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, a intenção é de que sejam desenvolvidos em Mato Grosso do Sul testes com a vacina chinesa CoronaVac, do laboratório Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan e com a Ad26.COV2.S, do laboratório belga Janssen-Cilag – unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.

As pesquisas necessitariam de três mil voluntários, que seriam os profissionais da saúde da linha de frente do Estado e que não foram infectados pelo vírus.

O secretário afirmou que não há prazo para que essa parceria seja consolidada, já que a Anvisa é quem formalizará a parceria. “É uma esperança para contribuir com a pesquisa, tentar fazer parceira com essas empresas que estão lutando para desenvolver uma vacina”, disse.

Ainda conforme Resende, essa colaboração pode trazer algumas vantagens para Mato Grosso do Sul caso uma delas seja considerada eficaz contra a doença. “Vai ter certamente alguma vantagem, como conseguir as doses com mais velocidade, quando comprovada a eficácia”.

Imunizantes

A vacina da Janssen-Cilag, chamada de Ad26.COV2.S, é composta de um vetor recombinante, não replicante, de adenovírus tipo 26 (Ad26), construído para codificar a proteína S (Spike) do vírus Sars-CoV-2 (o novo coronavírus).

O ensaio clínico aprovado é um estudo de fase três, randomizado, duplo cego, controlado por placebo, para avaliar a eficácia e a segurança do imunizante na prevenção da Covid-19 em adultos com 18 anos ou mais.

Os participantes recebem uma dose única da vacina ou placebo. O estudo global prevê a inclusão de até 60 mil voluntários. Quando recebeu a autorização da Anvisa, em agosto, a intenção era ter sete mil voluntários no Brasil. A parceria foi inicialmente fechada com os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte.

No caso da CoronaVac, também em fase três de testes em humanos, randomizado, duplo cego, são duas doses, uma aplicada no primeiro dia de pesquisa; a segunda, após 14 dias.

Ela é feita a partir do vírus inativo, deixando o Sars-Cov-2 não infectante. Os pesquisadores inseriram o coronavírus em células Vero (linhagem de células usada em culturas celulares).

Os testes com a CoronaVac tiveram início no Brasil em julho e serão realizados em nove mil voluntários. A pesquisa já começou em seis unidades da federação: São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

No Brasil essa pesquisa é desenvolvida pelo Instituto Butantan, que terá a transferência de tecnologia para a produção do imunizante no Brasil, caso a última etapa de testes comprove a eficiência do produto.

De acordo com o governo paulista, caso os testes comprovem sua eficácia, a CoronaVac já poderia estar disponível para a vacinação de brasileiros a partir de dezembro deste ano. Até agora, não há relatos de efeitos adversos graves entre os que já receberam as doses.

BCG

Além disso, Campo Grande também começa em outubro a participar da pesquisa mundial que testa a vacina da BCG, usada para a tuberculose, como imunizante contra o novo coronavírus.

Serão imunizados dois mil profissionais voluntários da área da saúde. A pesquisa é feita pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil. O estudo foi aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem investimento do bilionário Bill Gates, por meio da Fundação Bill e Melinda Gates.

Segundo o pesquisador responsável na Capital, Julio Croda, o projeto será feito no Reino Unido, na Espanha e na Austrália. Também está em negociação a aplicação das doses no Rio de Janeiro, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“O objetivo é recrutar 10 mil trabalhadores da saúde acima de 18 anos – não tem idade limite – que não tenham nenhuma contraindicação para serem vacinados com a BCG”.

Além de ter o objetivo de avaliar se a BCG impede que a pessoa se infecte, os pesquisadores também querem saber se, no caso de uma contaminação com a doença, o imunizante impediria que o paciente desenvolvesse a forma mais grave da doença.

 

 

 

*Correio do Estado – Daiany Albuquerque