A pandemia do novo coronavírus impactou significantemente a economia do País. No segundo trimestre do ano, a queda foi de 10,94%, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central (BC) na sexta-feira (14).
O indicador é uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), e a projeção atual do BC é de retração de 6,4% no PIB em 2020. Mato Grosso do Sul, no entanto, deve registrar queda muito menor, de 2%, de acordo com estimativa do governo estadual.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País e serve para medir a evolução da economia. Segundo o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a expectativa é de que o Estado figure entre os menos impactados pela crise.
“Pela nossa avaliação, Mato Grosso do Sul deve ter uma redução no PIB na ordem de 2%, mas muito abaixo do que a média nacional prevista e consolidada. E ainda estamos avaliando, porque temos todo o segundo semestre e, conforme tivermos uma recuperação, talvez o impacto seja menor. A nossa expectativa é de que o Estado tenha um dos menores impactos de queda do PIB no País”, disse em entrevista exclusiva ao Correio do Estado.
A avaliação é sustentada pelos números do desempenho econômico de MS registrados até o momento. O Estado ampliou as exportações, assim como a arrecadação durante os sete primeiros meses do ano.
De acordo com Verruck, alguns setores sofreram mais do que outros.
“Em uma escala de impacto do menor para o maior, o menor foi no setor do agronegócio, porque é mais fácil você fazer o controle do nível de aglomerações. O segundo é a indústria, que adotou medidas muito rapidamente, e o terceiro que é o mais impactado, que é o de comércio e serviços. Os pequenos negócios do varejo foram aqueles com o maior impacto da pandemia”, detalhou.
ARRECADAÇÃO
Levantamento da Federação Brasileira de Associações Fiscais (Febrafite) aponta que seis estados registraram aumento da arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo que responde por 85% das receitas dos entes federados.
Em segundo lugar no ranking, Mato Grosso do Sul chegou a ter um aumento real (acima da inflação) de 5,6% nos seis primeiros meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2019. Ficando atrás somente de Mato Grosso, que cresceu 15% no semestre.
“Conseguimos fazer uma gestão adequada do setor produtivo em Mato Grosso do Sul [durante a pandemia]. Nós tivemos uma arrecadação 6% superior à do ano passado no primeiro semestre. É resultado do fluxo de produção mantido e, portanto, tivemos esse crescimento do setor produtivo. São seis estados que se mantiveram”, comentou Verruck.
Em números, conforme o demonstrativo da receita corrente líquida (RCL), publicado no Diário Oficial no dia 30 de julho, a ampliação nas receitas com ICMS foi de R$ 384,029 milhões no primeiro semestre de 2020.
Entre janeiro e junho de 2019, o Estado arrecadou R$ 4,295 bilhões com a principal receita do ente federado, já neste ano o primeiro semestre rendeu aos cofres estaduais R$ 4,680 bilhões que no mesmo período do ano anterior.
Quando considerada a receita com todos os impostos, além do ICMS, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e outros impostos, taxas e contribuições, o Estado recolheu R$ 5,875 bilhões no primeiro semestre de 2020, contra R$ 5,567 bilhões angariados no mesmo período do ano passado. Montante R$ 307,905 milhões maior durante os mesmos seis meses.
“Isso não significa que não temos um impacto setorial significativo, como é o caso do varejo. Sempre tenho destacado que não existe setor não afetado pela pandemia. Pode ser afetado pela questão do emprego, da renda, da exportação, da necessidade de estabelecer medidas de biossegurança, do reajuste das linhas de produção, então todos eles foram impactados de alguma forma no setor produtivo”, reiterou o secretário da Semagro.
EXPORTAÇÕES
O agronegócio foi o setor da economia que mais cresceu no ano, mesmo com a pandemia. Fatores como a alta do dólar e a queda na produção de outros países ajudaram a manter os bons resultados.
Com uma pauta de exportações liderada pelos produtos do setor, Mato Grosso do Sul registrou superavit de US$ 2,4 bilhões na balança comercial, 29,37% maior do que o resultado de 2019. Nos sete primeiros meses deste ano, a diferença entre o total exportado e importado pelo Estado foi de US$ 2,4 bilhões, US$ 600 milhões a mais em relação ao US$ 1,8 bilhão em 2019.
As exportações em 2020 já somam US$ 3,5 bilhões, de acordo com os dados do Ministério da Economia, compilados na Carta de Conjuntura do Setor Externo, elaborada pela Semagro.
Os principais produtos enviados ao exterior foram a soja em grão, que apareceu como primeiro produto na pauta de exportações, com 37,32% do total exportado em termos do valor e aumento de 55,08% em relação ao mesmo período no ano passado. O segundo produto da pauta foi ocupado pela celulose, com 29,12% de participação e queda em termos de valor de 16,83%.
“Uma das coisas que permitiu o governo do Estado sustentar a arrecadação foi a dinâmica do setor exportador, tanto que crescemos em relação ao ano passado, com um ótimo desempenho da soja, com a retomada do açúcar, que é um produto que se recuperou. A carne bovina tem se mantido e o setor de aves também, com crescimento de 18,59%, esse conjunto fez com que a dinâmica do agro neste primeiro semestre fosse sustentada”, concluiu Verruck.
*Correio do Estado – Súzan Benites