Única sem covid-19 em MS, Figueirão prepara “bolha” contra entrada da doença

Com a confirmação do primeiro caso de covid-19 em Japorã nesta segunda-feira (27), Figueirão, distante 240 quilômetros ao norte de Campo Grande, é agora a única cidade de Mato Grosso do Sul ainda livre da doença. A prefeitura quer fechar ainda mais o cerco contra o novo coronavírus, com estratégia de rastreio das pessoas que se deslocam para fora da cidade com mais frequência.

Barreira sanitária instalada em um dos acessos à área urbana de Figueirão (Foto: Divulgaçã/Prefeitura de Figueirão)

“A gente não tem que comemorar. A responsabilidade agora é maior que antes. Vamos fazer um cerco maior ainda, uma bolha artificial, monitorar com maior efetividade”, projeta o prefeito Rogério Rosalin (PSDB).

Segundo ele, o município prevê implantar um sistema de monitoramento de seus 3,5 mil habitantes em até dez dias. O programa vai cadastrar os residentes em Figueirão e, via cartão magnético ou QR Code, registrar saída e entrada nas três barreiras sanitárias instaladas na cidade, nos acessos a Costa Rica, Alcinópolis e Camapuã.

 

Prefeito Rogério Rosalin tem temperatura aferida durante evento em Figueirão (Foto: Divulgação/Prefeitura de Figueirão)

 

“Temos uma preocupação especial com a população da cidade que vai para outros lugares. Assim a gente vai saber quantas horas, quantos dias a pessoa ficou fora”, explicou Rosalin.

Ainda conforme o prefeito, o vai-e-vêm em Figueirão é intenso, principalmente de habitantes do município que procuram atendimento médico em cidades mais estruturadas, como Costa Rica ou mesmo Campo Grande.

Figueirão tem quatro médicos, todos clínicos-geral. As cirurgias eletivas são feitas em Costa Rica, graças a convênio entre os municípios. Exames e consultas costumam ser agendados para a Capital.

Emancipada de Camapuã em 2005, a pequena cidade na região Norte do Estado também não tem agências bancárias, o que força o deslocamento para localidades no entorno.

Rogério Rosalin lembra ainda que as 605 fazendas situadas em Figueirão demandam atenção especial. A maioria dos proprietários são de fora do Estado, conta.

População em grupo de risco à covid-19 recebeu vitamina D e remédios homeopáticos (Foto: Divulgação/Prefeitura de Figueirão)

O contingente de 150 trabalhadores – pelo menos 30 oriundos do estado de São Paulo – nas obras de pavimentação da MS-223, que liga Figueirão a Costa Rica, também provocam acompanhamento próximo da prefeitura. O asfalto ainda impactou em movimento maior de pessoas na cidade.

Medidas – É obrigatório o uso de máscaras de proteção facial em Figueirão. Os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são distribuídos de graça.

O prefeito apostou também no fornecimento gratuito de vitamina D e remédios homeopáticos contra o vírus Influenza, com investimento de R$ 70 mil. A medicação serve para melhorar a imunidade. Inicialmente, foi levada para pessoas em grupos de risco à covid-19, mas passou a ser ofertado para qualquer cidadão em unidades de saúde.

Missas e cultos podem ser realizados apenas um dia por semana, para até metade da capacidade dos espaços religiosos.

O consumo de bebida alcoólica em restaurantes, bares e conveniências foi proibido, a fim de evitar aglomerações. Também foi vetado compartilhar tereré, chimarrão ou narguilé.

Além de zerado em casos confirmados, Figueirão também não tem ocorrências suspeitas em análise, segundo boletim de hoje da SES (Secretaria Estadual de Saúde).

*Por Jones Mário –  CAMPO GRANDE NEWS