Foi preso na manhã desta sexta-feira (17) pela Deco (Delegacia Especializada de Combate do Crime Organizado), o piloto Edmur Guimara Bernardes, 78 anos, que forjou o próprio sequestro e roubo da aeronave PR-NAL. A investigação à época indicou que ele fez isso para levar o avião até o Paraguai e depois transportar liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) daquele país até a Bolívia.
O caso ocorreu em junho do ano passado em Paranaíba, cidade distante a 422 quilômetros de Campo Grande.
Edmur e o vigia do aeroporto onde ocorreu o falso sequestro, Idevan Silva de Oliveira, 52 anos, chegaram a ser presos temporariamente no ano passado. Eles ficaram 11 dias em uma das celas da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos).
Durante as investigações ao longo do ano, a Deco chegou até Adevailson Ribeiro, conhecido como ”Zoio”, preso no mês passado. Membro de facção criminosa atuante na região de Birigui, no interior de São Paulo, ele decolou com Edmur no dia do falso sequestro.
”Zóio”, preso em São Paulo, foi interrogado em Mato Grosso do Sul e, durante depoimento, confirmou a participação do piloto e do vigia na ação. Segundo o criminoso, Edmur organizou toda a ação e também era responsável por coordenar os demais integrantes da quadrilha.
Edmur foi preso em cumprimento de mandado de prisão preventiva. A Deco, com apoio da Delegacia Regional de Paranaíba, faz buscas na cidade por Idevan.
O caso – O piloto Edmur forjou sequestro e roubo de aeronave no dia 18 de junho do ano passado, em um hangar em Paranaíba. As investigações começaram com a analise das imagens de 11 câmeras de segurança do Aeroporto Municipal de Paranaíba, que flagraram toda a ação dentro do hangar, na manhã do dia 18. O suposto sequestro envolveu seis homens, quadro deles encapuzados, e durou 44 minutos. Edmur foi levado pelo grupo.
Após reaparecer em aeroporto de Cáceres (MT) no dia 19, o piloto foi ouvido pela Polícia e contou uma história digna de roteiro de cinema sobre as mais de 30 horas que ficou desaparecido, depois de decolar em Paranaíba. Segundo documento da Polícia Civil de Cáceres, no dia 18 de junho, ele estava saindo de casa, quando foi surpreendido por duas pessoas, “ordenando que entrasse”.
Lá dentro, a dupla teria dito que fazia parte de uma facção criminosa, “falando que sabiam que ele tinha as chaves do hangar e que precisavam de um avião que tinha pousado na noite anterior”, em Paranaíba. Edmur diz que acompanhou os dois homens em uma camionete, abriu o hangar e por volta das 6h30 decolou com destino à fazenda no Paraguai, sem indicar a localização exata. Lá, o piloto garante que permaneceu “o dia e a noite”.
Começa ai o trecho mais cinematográfico da história. Na propriedade paraguaia, Edmur conta ter sido informado que teria de resgatar um outro membro da facção, comparsa dos sequestradores. Na manhã do dia seguinte, por volta de 6h20 de quarta-feira, ele e os 3 homens deixaram a fazenda no Paraguai e seguiram para a Bolívia, também sem indicar em qual localidade.
Na versão do piloto, na tarde do dia 19, ele ”aproveitou uma distração dos suspeitos, e conseguiu dar partida no avião e pousar às 17h15, em Cáceres”.
Por Kerolyn Araújo – CAMPO GRANDE NEWS