Goiás tem 195% mortes a mais por coronavírus nos primeiros seis dias de julho em relação ao mesmo período de junho
Os primeiros seis dias de julho registraram 195% mortes por coronavírus a mais em relação ao mesmo período de junho. Já ocorreram 133 óbitos neste mês, contra 45 mortes em junho, de acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde nesta segunda-feira (6).
Os casos confirmados de infecção pelo coronavírus subiram 155% no mesmo intervalo de tempo. Os dados divulgados nos balanços da Secretaria Estadual de Saúde mostram que estes registros saltaram de 1.496 registros entre os dias 1º e 6 de junho para 3.819.
Ao total, Goiás tem nesta segunda-feira 29.627 pessoas contaminadas e 654 mortes pelo novo vírus.
Pico dos casos
Os dados corroboram a previsão do secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, que estima para julho um pico da Covid-19. Ele acredita que entre os dias 22 e 27 o sistema de saúde vai sentir a “maior pressão” que a pandemia pode fazer, tanto na rede privada quanto na pública, no estado. “Temos leitos disponíveis para isso”, afirmou o secretário em entrevista à TV Anhanguera, no sábado (4).
Para conter o avanço expressivo do vírus no território goiano, assim como aconteceu em junho, período em que foram registrados 84% de todos os casos confirmados desde o início da pandemia, em março, o governo estadual publicou um decreto, em 30 de junho, prevendo o funcionamento alternado do comércio, entre 14 dias fechados e 14 abertos.
Ocupação de UTI
Nesta segunda-feira, a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) da rede estadual de saúde e destinados exclusivamente para pacientes com coronavírus está em:
- UTI Adulto: 147 leitos / 134 ocupados (91%)
- UTI Pediátrica: 13 leitos de UTI / 5 ocupados (38%)
Decreto de isolamento social tem baixa adesão
Um levantamento da Associação Goiana de Municípios (AGM) mostra que apenas 42 das 246 prefeituras aderiram ao decreto estadual na íntegra. A maioria das cidades seguiu outras flexibilizações e datas de fechamento estipuladas pelos próprios prefeitos.
Um dos motivos apontados por autoridades de saúde para o crescimento da doença é o baixo isolamento social, que estava em 37% nesta semana. Para aumentar esse índice, o governo contava com a adesão de todos os municípios goianos, o que não aconteceu.
A entidade emitiu uma nota técnica orientando que os municípios associados acatem o decreto estadual publicado em 30 de junho. A quarentena alternada é uma medida defendida pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).
“O processo de alternância de 14 em 14 dias é um protocolo que está sendo elogiado por vários epidemiologistas de vários lugares do Brasil”, destacou o governador.
Mapeamento dos dados
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, começou a mapear os dados do coronavírus em Goiás. Os técnicos da entidade visitaram unidades de saúde e hospitais de campanha em Goiânia. As observações a serem apontadas pela fundação vão ajudar o estado a planejar as futuras estratégias de combate ao novo vírus.
O médico sanitarista Daniel Soranz, da Fiocruz, avaliou pontos que devem ser melhorados para o enfrentamento ao novo vírus, embora tenha feito avaliação positiva sobre a estrutura que já foi montada.
Segundo o médico, as unidades básicas de saúde devem oferecer testes para a população, com o objetivo de tratar precocemente o paciente infectado e evitar o encaminhamento para hospitais e o uso de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
O professor da Universidade Federal de Goiás, Thiago Rangel, explica que o tamanho da fila para internação em UTI é consequência do baixo isolamento social. “Se nós aumentarmos o isolamento social para acima de 50 e 55%, essa fila ela vai ser encurtada e vai ter leito para todos”, ressalta Rangel.
* Por Rafael Oliveira, G1 GO