Não é apenas o número de confirmações de covid-19 que cresceu absurdamente em junho no Estado, o mais preocupante é a quantidade de pacientes nas UTIs de Mato Grosso do Sul.
Ontem, de 152 internados, 71 estavam em Unidades de Terapia Intensiva, quase 1 em UTI para 1 em enfermaria. No início do mês, a proporção era de 1 pessoa em estado grave para 5 que ocupavam os leitos clínicos.
Junho surge com as piores estatísticas até agora. No dia 1º, eram 1.568 confirmações de coronavírus, no domingo (21), o boletim epidemiológico trouxe 5.237. São 3.669 infectados em apenas 20 dias.
Nos hospitais, a quantidade de internações em enfermarias mais que dobrou, de 65 em 1º de junho para 152 agora. O mesmo ocorreu com as mortes, de 20 no início do mês, para 45 no domingo.
Mas em relação aos casos graves, que necessitam de vagas em UTIs, o crescimento foi 5 vezes maior, de 14 para 71. No dia 27 de abril, por exemplo, apenas 1 pessoa ocupava vaga de UTI pública, atualmente são 40 em unidades do SUS e 31 na rede privada.
Segundo a infectologista Mariana Croda, uma das hipóteses para essa mudança no quadro é que o coronavírus chegou a parcela mais velha da população e pessoas com comorbidades. “Indica que as pessoas estão se protegendo menos”, diz a infectologista.
No Estado, 90% dos óbitos são de pessoas que estavam em UTIs. No entanto, a taxa de letalidade em Mato Grosso do Sul é menor que nos demais estados brasileiros, 0,9%. A estratégia de testar mais, acaba diluindo esse percentual, explica Maria Croda. ”Em Mato Grosso, por exemplo. A taxa é muito maior porque só testam pessoas com sintomas graves. Aqui, a testagem é mais ampla”, explica.
Levantamentos sobre a doença mostra que 81% dos contaminados por covid-19 desenvolvem apenas sintomas leves, 15% moderados, de 5% a 8% graves e de 2% a 3% precisam de UTIs. –
Por Ângela Kempfer Campo Grande News