Uma tragédia familiar comoveu a Estância Turística de Ibirá, na manhã desta terça-feira, dia 3. O menino José Lucas da Silva, de 4 anos, morreu depois de ter sido picado por um escorpião. Inconformados, pai e mãe tomaram veneno. O pai, Lucas Sanches Silva, 40 anos, morreu, e a mãe está internada em estado grave no Hospital de Base, em Rio Preto. De acordo com Cristiano Requena, tio da criança, a família estava toda reunida na fazenda de Lucas, quando o menino reclamou de dor no dedão do pé. Quando os pais descobriram que tinha sido um escorpião, pegaram a caminhonete e foram para o Hospital de Base, que fica a cerca de 40 quilômetros de distância.
“O acidente foi logo depois do almoço. Foi tudo muito rápido. Eles ficaram juntos com o menino no HB até o momento que os médicos avisaram que o garoto tinha morrido”, disse o tio da criança. O menino José Lucas da Silva não resistiu ao tratamento médico e morreu por volta das 6h desta terça-feira, dia 3. Quando os pais souberam, ligaram para alguns parentes e comentaram “que a vida tinha acabado.” A frase seria um sinal de que cometeriam suicídio.
“Eles me ligaram e disseram que não tinha mais sentido viver e que estava tudo acabado. Até tentei acalmar, mas ele não me ouviu”, disse um amigo que pediu para não ser identificado.
O pai de Natália, e avó do menino, José Manoel Balieiro, de 63 anos, estava arrasado e foi um dos poucos familiares que falou à imprensa. “Ainda não acredito que um escorpião, um bicho tão corriqueiro, tenha acabado com a minha família.” Ele contou que estava no hospital quando os pais receberam a notícia de morte da criança. E que o genro dele, pai do garoto, pegou a chave da caminhonete e pediu para o avô ficar no local que ele e a mulher iam comprar algo para comer. Meia hora depois, o caseiro da fazenda da família, ligou dizendo que os dois tinham tomado veneno misturado com refrigerante e estavam desmaiados na caminhonete.
O pai morreu logo depois de chegar na Santa Casa. A mãe, Natália Fernandes Ballero, 29 anos, continua internada em estado grave na UTI Hospital de Base de Rio Preto. O enterro do menino e do pai será realizado às 8h desta quarta-feira, dia 4, no Cemitério Municipal de Ibirá.
Investigação
O delegado de Ibirá, Luciano Birolli, afirmou que o caso foi registrado como suicídio e tentativa de suicídio. Ele disse ainda que as causas da morte serão apuradas através da perícia, mas que o caso está praticamente esclarecido. “Requisitamos os laudos da perícia, mas pelo que foi apurado os dois, em consentimento, tentaram contra a própria vida. Periciamos o carro e não tinha marca de violência”, disse. O delegado informou ainda que ficou estarrecido com o caso. “Em 20 anos de polícia nunca vi nada tão triste como esse caso. A gente nunca imagina uma situação dessas”, disse.
Seis pessoas são atacadas por dia
Por dia, em média seis pessoas são atacadas por escorpião na região. Foram 1.568 casos até o dia 22 de setembro, sendo que duas pessoas morreram na região. O coordenador do Centro de Toxicologia do Hospital de Base de Rio Preto, Carlos Caldeira, afirmou que a picada do escorpião na maioria dos casos não é fatal, porém, ela é mais perigosa em crianças abaixo de 12 anos. “Normalmente o paciente evolui bem apenas com remédio para dor. Apenas em casos muito extremos é que o soro antiveneno é aplicado.”
Segundo ele, o veneno do escorpião amarelo é um dos mais perigosos, pois age direto no coração fazendo com que os batimentos cardíacos diminuam e o paciente corre o risco de ter uma parada. “A primeira coisa a se fazer é levar ao atendimento médico. As pessoas não devem tentar fazer nada em casa. Se além da dor, o paciente estiver com suor excessivo e vomitando, isso é um sinal de alerta e o paciente deve ser levado para a unidade de referência, no caso, na região, o Hospital de Base é um dos centros especializados”, disse.
Fonte: Diário da Região – (Colaborou Gabriel Vital)