O secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP), Rodney Miranda, disse na manhã desta segunda-feira (11) que o governo não descarta implantar a medida conhecida como lockdown se a taxa de isolamento não superar 50%. Segundo ele, houve um “relaxamento perigoso” neste índice nos últimos dias, o que poderia aumentar a disseminação do coronavírus.
Miranda falou sobre a possibilidade após reunião no Paço Municipal, sede da Prefeitura de Goiânia, em entrevista à TV Anhanguera. O lockdown, embora não tenha uma definição única, é uma espécie de bloqueio total em que as pessoas devem, de modo geral, ficar em casa.
O secretário lembrou que Goiás já teve o maior índice de isolamento do país, acima de 60%. No entanto, conforme levantamento divulgado no domingo (10), agora o estado amarga o último lugar no quesito.
Miranda afirmou que o estado “está fazendo de tudo” para evitar o bloqueio geral, mas que ele pode ser instituído se não ocorrer uma mudança no comportamento da população.
“Nós estamos tentando de tudo para evitar o lockdown. Precisamos aumentar o rigor na fiscalização, precisamos da colaboração da população para entender que o momento ainda é difícil, ainda é grave, para que a gente possa evitar o lockdown. Agora, eu acredito que se essa taxa [de isolamento] não subir acima de 50%, o lockdown, definitivamente, não está descartado”, afirmou.
Na última terça-feira (5), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse que não pensava em lockdown, mas sim na restrição de alguns setores que estivessem gerando muita aglomeração e circulação de pessoas.
O G1 questionou as assessorias do governo e da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por e-mail, às 11h desta segunda-feira, sobre a declaração de Miranda e aguarda posicionamento.
O responsável pela SSP afirmou ainda que Caiado está se reunindo com vários prefeitos do estado para discutir novas medidas de isolamento. Ele afirmou que a situação de momento é de preocupação.
“A nossa avaliação é que nos últimos decretos, não só do governo do estado, mas, principalmente, dos governos municipais, houve um relaxamento perigoso nos índices de isolamento”, afirmou.
Por fim, Miranda disse que a SSP tem trabalhado no apoio às equipes de fiscalização e que vai atuar diretamente caso haja “reflexo criminal”. O intuito é evitar que as consequências sejam sentidas nos próximos dias.
“Hoje nós estamos preocupados para que daqui a 10, 15 dias, a gente não tenha que sofrer o que alguns estados infelizmente têm sofrido [com casos de coronavírus]”, destaca.
Escalonamento do comércio
Diante do cenário, a Prefeitura de Goiânia discute tornar obrigatória a recomendação contida em um decreto municipal que versa sobre o escalonamento do horário de abertura do comércio. A medida visa diminuir o fluxo nos terminais e ônibus e, consequentemente, as aglomerações.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia, Walisson Moreira, disse que a ideia surgiu após o município constatar que os lojistas não estão aderindo à recomendação.
“Fizemos uma pesquisa sobre a efetividade do decreto e constatamos que não teve muita adesão dos empresários em relação ao escalonamento do horário de abertura. Estamos insistindo nesse escalonamento porque o transporte coletivo é um ambiente de alto risco de contágio. Não adianta a empresa ter cuidado no combate à pandemia se o funcionário dela frequenta o ônibus e o terminal lotados”, avalia.
“Se não endurecermos, o empresário não vai aderir. Recomendamos ao comitê de crise a mudança de recomendação para obrigatoriedade do escalonamento”, completa.
Por Sílvio Túlio e João Victor Guedes, G1 GO e TV Anhanguera