O setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul é um dos mais afetados pela crise do coronavírus. Com mais de 30 mil funcionários em MS, as usinas de cana-de-açúcar estão readequando a produção, dando férias coletivas aos trabalhadores de grupo de risco e em alguns casos até suspendendo o trabalho temporariamente dos funcionários para conseguir atravessar a crise. Na segunda-feira a Adecoagro suspendeu trabalho de 10% dos 5 mil colaboradores pelo prazo de 60 dias. A suspensão é temporária mas mostra a necessidade de planejamento do setor.
Mesmo assim o segmento foi amplamente afetado pelo isolamento domiciliar contra a disseminação do coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas e, por consequência, o consumo interno de etanol.
Além disso, o biocombustível ainda foi impactado pela desvalorização dos preços internacionais do petróleo, o que prejudica a gasolina e o etanol.
Na esteira das indústrias os produtores de cana e milho estão sofrendo as consequências. Os produtores de milho e açúcar fornecem matéria-prima para a fabricação de etanol, biocombustível usado como aditivo obrigatório na gasolina vendida no Brasil, Índia e Estados Unidos.
Diante deste quadro, a ministra Tereza Cristina destacou o etanol como um dos segmentos do agronegócio mais afetados pela crise. “É um setor que está me dando trabalho”, disse. Por isso ela disse que a pasta está discutindo com o Ministério da Economia e o BNDES meios de encontrar uma solução que atenda as usinas de cana. “Tem que ver os juros que vem sobre isso”, citou.
O retorno da Cide e os recursos do PIS/Cofins são duas das medidas que estão em análise. “A gente sabe que o PIS/Cofins sozinho não é dificuldade. Se vier Cide (sobre os combustíveis), qual o tamanho?”, comentou.
“Temos que dizer alguma coisa o mais rápido possível para dar previsibilidade (às usinas de cana)”, acrescentou sobre a ajuda do governo federal.
O setor de etanol do Brasil tem buscado apoio do governo federal para obter financiamento via instituições oficiais para estocar 6 bilhões de litros do biocombustível, quase 25% da safra 2020/21, iniciada neste mês, o que permitiria a continuidade da colheita no centro-sul e exigiria 9 bilhões de reais.
Em MS na última safra foram 661 mil hectares colhidos, com um rendimento médio de 71.889 kg/ha.
Rosana Siqueira – CAMPO GRANDE NEWS