Funcionários da Viação São Luiz acampam na garagem contra salários atrasados

Na manhã desta sexta-feira (24) 40 funcionários da viação São Luiz, empresa de transporte de passageiros com sede em Três Lagoas, acampam na garagem da empresa na Avenida Gunter Hans em Campo Grande. Mecânicos e motoristas, eles protestam porque disseram estarem sem receber desde janeiro.

O atraso que já chega a quatro meses contempla todos os funcionários, dos motoristas à limpeza, conforme explicaram. Além disso, muitos disseram sequer terem recebido o dinheiro relativo às férias e que o vale alimentação não chega na conta há 1 ano.

Com a volta do transporte intermunicipal em Mato Grosso do Sul, saindo da rodoviária de Campo Grande, anunciada pela Prefeitura para este sábado (25), esses funcionários tentam encontrar maneira para que a empresa pague o que deve.

Por isso acampam na garagem, uma forma de tentar garantir que os ônibus não serão utilizados e, assim, causem um impacto. A São Luiz roda 7 diferentes linhas pelo interior de Mato Grosso do Sul.

Cansados do salário fracionado, disseram que exigem receber de forma integral. Alguns relataram terem conseguido contratar advogado para acionar a empresa na Justiça. Outros sequer têm o que comer e estão dependendo da solidariedade dos colegas, que arrecadam cestas básicas.

Motoristas e mecânicos acampam na garagem da São Luiz nesta manhã (Foto: Kisie Ainoã)
Motoristas e mecânicos acampam na garagem da São Luiz nesta manhã (Foto: Kisie Ainoã)

Reféns – Os relatos também acusam a São Luiz de impedir a demissão. Alguns funcionários já desistiram da empresa e conseguiram outras vagas, mas contaram que a a São Luiz retém a carteira de trabalho e com isso, perderam as oportunidades.

É o caso do motorista Vanderson Lara, que perdeu uma vaga porque não conseguiu a carteira. Ele ajuda a formar grupo que arrecada cestas básicas para os trabalhadores. “Temos que ajudar porque muita gente já não tem o que comer”, disse.

Funcionário da manutenção dos veículos, Alan Carlos, processou a empresa para tentar receber os encargos trabalhistas, o salário e também, danos morais. José Roberto Souza trabalhou durante seis anos na São Luiz. Ele relatou ter conseguido outra vaga como motorista, mas não pode assumir porque a carteira de trabalho está retida em Três Lagoas.

Cleber mostrou a carteira vazia, indício da dificuldade (Foto: Kisie Ainoã)
Cleber mostrou a carteira vazia, indício da dificuldade (Foto: Kisie Ainoã)

O motorista Cleber Oliveira disse estar passando muita dificuldade. Agora, ele só quer receber e ser dispensado para procurar outro emprego. Ele reclamou do impasse e do tratamento da empresa junto aos funcionários. “Não dão nenhuma resposta”, comentou.

Para ilustrar a situação, contaram que o escritório da Viação São Luiz em Campo Grande, antes com um funcionário, agora não tem ninguém. Eles ficaram sabendo que das férias coletivas – resultado da rodoviária fechada como medida de quarentena – porque um porteiro avisou. As férias coletivas foi só no aviso, dizem, ninguém assinou nenhum documento.

Presidente do sindicato que representa a categoria, Samir José Silva disse que a empresa “é uma das que mais oferece problema” e que já denunciou a Viação São Luiz ao MPT (Ministério Público do Trabalho). “A esperança é que com a volta da rodoviária paguem”, disse.

A reportagem tentou contato com a Viação São Luiz, por telefone, sem sucesso.

 

 

*Por Izabela Sanchez e Lucas Mamédio – Campo Grande News