Sobra milho nos EUA e preços caem no Brasil

Cotações estão caindo seguidamente no Brasil, por 6 sessões consecutivas, o que já preocupa vendedores

“A produção de etanol [de milho] estadunidense está sucumbindo com a quarentena obrigatória. As margens de manutenção na produção de etanol do milho estão enfrentando problemas em todo o globo, sendo o epicentro do problema sobre a indústria norte-americana”. A análise é da Consultoria ARC Mercosul, segundo a qual esse excedente pode impactar nos preços do cereal no Brasil.

De acordo com os analistas, a Europa consome de 6,5 a 7,0 milhões de toneladas (MT) de milho e 4,5 a 5,0 MTs de trigo anualmente para produção de etanol. “A dramática queda nos preços de gasolina e combustível para aeronaves causou o fechamento temporário de algumas usinas”, relatam.

A ARC Mercosul estima que o consumo europeu de milho para etanol será cortado em 2,0 a 2,5 MTs e algo acima de 1,5 MTs do trigo também entrará em desuso. Com esse cenário, o sobrante do cereal deve pressionar as cotações dos mercados fornecedores, entre eles o Brasil e a Argentina.

A T&F Consultoria Agroeconômica aponta que os dados de energia do EIA (Energy Information Administration) devem marcar outro ponto na “dolorosa odisseia do etanol dos EUA”: “Analistas acreditam em uma produção de cerca de 750.000-800.000 barris por dia, o que equivale a cerca de 2 milhões de t de milho durante a semana – uma queda de cerca de 800.000 t por semana no ritmo recente. Tudo isso está sendo devolvido ao excedente de exportação dos EUA ou aos estoques”.

PREÇO CAI NO BRASIL

Os preços estão caindo seguidamente no Brasil, por seis sessões consecutivas, o que já preocupa vendedores. De acordo com a T&F, essas são as razões:

a) Preços dos mercados de carne estão caindo forte: frango 11,35%; suíno 12,68% e boi 0,66% no mês;

b) Dólar caindo, não dá sustentação nem às carnes exportadas, nem ao milho em grão exportado;

c) Algumas usinas de etanol de MT e de GO estão disponibilizando parte dos seus estoques para os produtores de carnes nos respectivos estados, aumentando a oferta de milho;

d) Como os preços estavam chegando perigosamente perto dos seus custos de produção, as indústrias de carne sentiram o alívio e oferecem preços menores;

e) Proximidade (relativa, são três meses) da Safrinha, onde os preços costumam cair levemente.

Na opinião dos analistas da T&F Agroeconômica, o ponto central é o Dólar, e ele está sendo combatido ferozmente por todos os governos do mundo – inclusive pelo dos EUA, que perdem competitividade com sua moeda muito valorizada. “Então, vemos pouca chance de ele voltar a subir significativamente. Por isso, nossa recomendação continua a de que se deve aproveitar os bons preços atuais do milho disponível. Para o da  Safrinha, ainda não temos opinião”, concluem.

Por: AGROLINK –Leonardo Gottems