Amanda* é mãe de uma menina de 5 anos que, há oito dias, foi diagnosticada com o novo coronavírus. A criança apresentou dor de garganta, então a mãe a levou a um hospital particular, já que tem plano de saúde. Com suspeita de ser Covid-19, o primeiro teste foi feito e confirmou a doença. O segundo, também.
Mas o caso da menina, apesar de confirmado, não consta nos números oficiais divulgados diariamente pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), que hoje, anunciou 44 pessoas infectadas com o novo coronavírus em Mato Grosso do Sul.
A situação revela que sim, as subnotificações existem e o Estado pode ter muito mais casos do que os registros oficiais revelam. O próprio secretário de saúde, Geraldo Resende confirma, mesmo não sabendo de quanto pode ser essa diferença.
Ao site Campo Grande News ele afirmou que há exames que são encaminhados para São Paulo, no IAL (Instituto Adolfo Lutz), que é o laboratório oficial para casos de coronavírus no Brasil. “Mandamos parte dos exames para São Paulo, porque alguns os laboratórios privados daqui não estão habilitados para comprovar a infecção pelo vírus”.
Ele explica que cada laboratório faz esse envio de forma restrita, sem necessariamente passar pela SES. Assim, não soube informar quantos exames de Mato Grosso do Sul estão na fila de espera do IAL.
Ele conta o caso de outra criança que também foi diagnosticada com Covid-19 pela rede privada, mas que teve o resultado encaminhado para comprovação na capital paulista. A espera da resposta já dura dez dias. “Sabemos que tem uma fila de todos os estados do Brasil por exames lá”, destacou.
Resende sustentou que “inclusive Mato Grosso do Sul deve ter número de casos maior, até porque casos inconclusos ou que deram negativo, mas que os sintomas do paciente indicam coronavírus, são enviados para refazer”, revela.
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, para apresentar o boletim diário da doença em Mato Grosso do Sul, Resende voltou a falar do assunto. “Há mais casos em Mato Grosso do Sul? Certamente há. Mesmo porque nós temos algumas amostras de exames que foram remetidos, principalmente aqueles feitos pela iniciativa privada, ao laboratório de referencia em São Paulo”.
O secretário explica que, conforme o Instituto Adolfo Lutz liberar os resultados do Estado, eles serão adicionados ao boletim. “Assim, alguns casos que a pessoa já tenha confirmação, logicamente que vão ser acrescidos nos boletins assim que nós recebermos as informações oficiais”.
Para Amanda*, a subnotificação a preocupa, mas avalia que, ao menos para ela, o pior já passou. “Ela ficou com a garganta bastante inflamada e o nariz bem ruim, mas não afetou a respiração, graças a Deus”.
Pelos dados mundiais já conhecidos da Covid-19, as crianças não são afetadas de forma grave pela doença, mas são agentes transmissores, podendo, muitas vezes, nem apresentar sintomas, mas infectar outras pessoas.
*Nome fictício pois a mãe não quis se identificar.
Fonte: Lucia Morel, Tainá Jara e Marta Ferreira – Campo Grande News