Desafio é ganhar tempo e evitar colapso na saúde, previsto para abril

Diante da previsão de um colapso no sistema de saúde por causa do novo coronavírus, as autoridades seguem no desafio de “ganhar tempo” com medidas nos próximos dias e semanas para que o cenário seja evitado, a fim de que o auge dos casos que necessitem de internação esteja dissolvido ao longo do tempo e não haja tantos pacientes graves precisando de respiradores e serviços de UTI (unidade de terapia intensiva) no mesmo momento, o que invariavelmente provocaria a disparada do número de mortes.

Os dados divulgados neste domingo apontaram 25 mortes e 1.546 casos confirmados, com concentração no Rio de Janeiro e São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, até o fechamento do último boletim, ontem, eram 21 casos. Na semana passada, o governo  do Estado informou a compra de cinco mil kits de exames. Entre a semana passada e esta, chegaram 600 testes para o Lacen (Laboratório Central), vindos do Ministério da Saúde.

Na última sexta-feira, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta admitiu o risco de um colapso, com o auge já no mês de abril. Na ocasião, o ministério reconheceu que o Brasil se encontrava em transmissão comunitária da doença, quando já não é mais possível saber de quem a pessoa contraiu o coronavírus. Em muitos lugares do País, isso ainda não ocorre, mas a classificação passa a valer para todos ao ditar as medidas.

Ontem, Mandetta voltou a apelar para o isolamento social a fim de desacelerar a progressão da Covid-19, a exemplo de todos os países onde a doença se espalhou. Destacou que todos os estados estão agindo em alguma medida. Lembrou que planejamento e organização serão fundamentais para o sistema apresentar resultados e completou que quando a progressão é muito acelerada, menos tempo resta para preparar o sistema de saúde.

No Hospital Regional, tendas são montadas para triagem de pacientes. (Foto; Kisie Ainoã)
No Hospital Regional, tendas são montadas para triagem de pacientes. (Foto; Kisie Ainoã) 

 

Essa curva de progressão da doença é o termômetro para os serviços se organizarem. Em quase todos os países, a disparada tornou-se exponencial muito rápido, gerando o colapso da rede de atendimento. O ministro lembrou que em 26 de março completará 30 dias do registro do primeiro caso, ocasião em que as autoridades poderão traçar novas projeções.

Mandetta explicou que a estimativa é de que 15% dos doentes precisarão de internação. Se fosse em um momento futuro, comparou, seria como uma gripe forte, um resfriado, uma pneumonia nos idosos, mas haveria vacina e tratamento, enquanto que, no momento atual, isso sinaliza que será de maneira abrupta e ao mesmo tempo, “e vai levar muita gente ao sistema de saúde”.

O ministro manifestou uma esperança, destacando que o Brasil tem uma predominância de população jovem, o que poderia produzir se chegar a cordão imunológico com menos pacientes graves, diferente da Itália, país com muitos idosos contaminados e que vem demonstrando os números mais dramáticos da doença. Somente ontem, foram divulgadas mais de 793 mortes, incluindo de crianças.

Para equilibrar os vários componentes que atuam no avanço da doença, o ministro destacou a necessidade de elevação expressiva dos testes, para diagnóstico e isolamento de pessoas infectadas. Para barrar o contágio, e de olho nos efeitos econômicos, sugeriu que o País pararia duas semanas, para que as pessoas se reorganizassem, avaliaria os números, permitiria alguma retomada. “Quem dita o ritmo é o nosso próprio comportamento”. Ele reconhece que este “acelera” e “diminui” vai seguir “até que a gente ‘teja’ bem”.

Equipamentos – Haver infraestrutura hospitalar e equipamentos são medidas essenciais. Mandetta afirmou que a indústria interna está produzindo sem parar para atender a demandas por equipamentos de proteção e respiradores, além da aquisição de indústrias estrangeiras. Nesse sentido, informou que virão 10 milhões de testes rápidos chineses, com doação da empresa Vale do Rio Doce.

Além dos testes rápidos, a Secretaria Estadual de Saúde informou na quinta-feira a ampliação em 207 o número de leitos, com 142 para unidades de terapia intensiva e semi-intensiva, somados aos 515 já disponíveis para pacientes da doença.

Em Campo Grande, os hospitais Regional e da Cassems e as unidades 24 horas terão tendas no pátio para já realizar uma triagem e os primeiros protocolos, o que vai agilizar e aperfeiçoar o atendimento. A prefeitura também anunciou a criação de uma tenda de campanha no ginásio do Parque Airton Senna, na saída para Sidrolândia, para ampliar a rede de atendimento. –

 

 

Campo Grande News – Maristela Bruneto