O senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado na tarde desta quarta-feira (19) em meio a um protesto de policiais que reivindicam aumento salarial. O senador pilotava uma retroescavadeira e tentava furar um bloqueio feito por policiais militares no Batalhão da Polícia Militar em Sobral (CE).
A assessoria do senador afirmou que Cid Gomes passa por estabilização no Hospital do Coração de Sobral e será transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
O ex-governador Ciro Gomes, irmão de Cid, informou em uma rede social que o senador “não corre risco de morte” e que foi atingido por “dois tiros de arma de fogo”. Ainda segundo ele, os disparos “não atingiram órgãos vitais apesar de terem mirado seu peito esquerdo”.
“Novos exames estão sendo feitos, mas a palavra aos familiares e amigos é de que Cid não corre risco de morte. Espero serenamente, embora cheio de revolta, que as autoridades responsáveis apresentem prontamente os marginais que tentaram este homicídio bárbaro às penas da lei”, afirmou Ciro Gomes.
Inicialmente, a assessoria do senador Cid Gomes disse que ele havia sido atingido por uma bala de borracha. Depois, a assessoria informou que o tiro foi, na verdade, disparado por uma arma de fogo.
Durante a confusão, os tiros foram disparados na direção de Cid Gomes e quebraram os vidros do veículo utilizado pelo senador. Conforme a assessoria do político, ele foi baleado no peito. Imagens feitas por pessoas que acompanharam a manifestação mostram o senador consciente e com a blusa manchada de sangue.
Cid Gomes, que está licenciado, organizava um protesto contra um grupo de policiais que tenta impedir o trabalho da Polícia Militar. Nesta quarta-feira, policiais esvaziaram pneus de carros da polícia para impedir que os agentes de segurança atuem na ruas.
‘Vocês têm cinco minutos’
Em frente ao bloqueio dos policiais, utilizando uma retroescavadeira, ele pediu que os policiais deixassem o local: “Vocês têm cinco minutos pra pegarem os seus parentes, as suas esposas e seus filhos e sair daqui em paz. Cinco minutos. Nem um a mais”, afirmou Cid, utilizando um megafone.
Ainda na tarde desta quarta-feira, policiais de Sobral ordenaram que comerciantes fechassem as portas do Centro da cidade.
Em nota, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, diz que acompanha o caso “com preocupação” e solicitou informações para garantir a segurança de Cid.
“Acompanho com preocupação os desdobramentos do ocorrido com o senador Cid Gomes, na tarde desta quarta-feira (19), em Sobral, no Ceará. Entrei em contato o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e com o governador do Ceará, Camilo Santana, para obter informações e garantir a segurança do parlamentar”, disse Alcolumbre.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que enviou equipes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal “para garantir a segurança do senador Cid Gomes”. A nota ainda diz que o ministério está “acompanhando a situação no Ceará e analisando as providências que podem ser tomadas”.
O G1 solicitou o posicionamento da Secretaria da Segurança Pública do Ceará sobre o tiro contra o senador. A pasta não respondeu até a última atualização desta notícia.
Invasão de batalhões policiais
Um grupo de policiais que reivindica aumento salarial e é contrário à proposta do governo de reestruturação da carreira da categoria realiza desde terça-feira (18) atos que a Secretaria da Segurança do Ceará considera “vandalismo” e “motim”.
Ainda nesta terça, três policiais foram presos por cercarem veículo da polícia e secarem os pneus. Conforme o governo do estado, o ato é uma tentativa ilegal de impedir a atuação de policiais.
Nesta quarta-feira, pelo menos quatro batalhões da Polícia Militar foram invadidos por homens mascarados. Eles retiraram veículos policiais das bases militares e rasgaram os pneus com objetos cortantes.
O governo do estado anunciou processo contra mais de 200 policiais dissidentes.
Também anunciou que solicitou o reforço da Força Nacional e cortou o repasse de verba para associações policiais que, de acordo com o governo, apoiam os atos grevistas.
Reivindicação salarial
G1-CE