Acordo EUA-China pode impactar exportação da soja brasileira

O Brasil pode perder alguns ganhos recentes obtidos no mercado global de soja durante a guerra comercial entre Estados Unidos e China com o acordo para encerrar a disputa, disse um representante do Ministério da Agricultura na última quarta-feira (8).

 

O acordo comercial inclui promessa da China de comprar ao menos US$ 12,5 bilhões adicionais em produtos agrícolas em 2020, e ao menos mais US$ 19,5 bilhões a mais do que o nível de 2017 de US$ 24 bilhões em 2021. Porém, o governo chinês afirma que vai se basear em “princípios de mercado”.

O secretário substituto de Política Agrícola da pasta, Wilson Vaz Araújo, afirmou a jornalistas, antes do acerto entre americanos e chineses, que o Brasil poderia reagir mudando suas exportações para outros países no caso de um acerto entre EUA e China.

“Nós ganhamos nesses anos… acabamos tendo espaço maior no mercado. Se vai retroceder um pouco? Pode ser. Mas o Brasil acho que tem condição de reagir a isso e exportar para outros mercados”, afirmou Araújo.

A China praticamente parou de comprar soja dos EUA durante a longa disputa comercial, o que impulsionou as importações junto ao Brasil.

A soja em grãos foi o principal produto exportado pelo o Brasil. Foram enviadas ao exterior 78 milhões de toneladas em 2019, movimentando mais de US$ 28 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Os chineses compraram quase 80% da safra brasileira de soja em 2019, segundo dados do governo brasileiro.

‘Sem impacto’

 

Outros fornecedores de commodities agrícolas para a China não serão impactados pelo acordo comercial com os Estados Unidos já que as compras serão baseadas em princípios de mercado, afirmou o vice-premiê Liu He, de acordo com reportagem da estatal CCTV nesta quinta-feira (16).

“O mercado da China é uma parte muito importante do mercado internacional agora. Não é como se qualquer país pudesse exportar (para a China) tantos produtos quanto quiser. É preciso mostrar a competitividade do produto”, disse ele.

As declarações de Liu destacam as incertezas que ainda persistem sobre o acordo e como a China vai implementar o aumento nas importações dos EUA após 18 meses de disputa que levaram os compradores agrícolas chineses a mudarem suas cadeias de oferta.

‘Condições de mercado’

 

A promessa da China de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos mediante “condições de mercado” ampliou as dúvidas de produtores e operadores de commodities, já aguçadas pela manutenção das tarifas sobre exportações norte-americanas.

Segundo pessoas familiarizadas com as negociações, a insistência do presidente dos EUA, Donald Trump, em um grande acordo para compras de produtos agrícolas foi um importante ponto de divergência nas conversas. A China desejava ter liberdade para comprar com base nas demandas.

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Na quarta-feira (15), falando ao lado de Trump, o vice-premiê chinês, Liu He, afirmou que as empresas chinesas vão comprar produtos norte-americanos “baseadas em condições de mercado”.

A declaração pressionou as cotações da soja na bolsa de Chicago, que chegaram a recuar 1% ao longo da sessão.

“A soja despencou depois disso”, afirmou Terry Reilly, analista sênior de commodities da Futures International. “‘Quando o mercado ditar’ significa que eles podem não retornar (ao mercado dos EUA) por 36 meses. Quem é que sabe? Isso significa ‘quando eles precisarem e o preço for o certo’.”

 

Por Reuters