Piracema não impede pesca predatória que vira rotina na fronteira

Grandes exemplares de Pintado e Cachara ilustram imagens encaminhadas por moradores da colônia Ingazeira, destacamento desativado do Exército, localizado no município de Porto Murtinho, distante 437 quilômetros de Campo Grande, na fronteira do Brasil com o Paraguai. O relato é de que os peixes foram retirados do Rio Apa, trecho brasileiro, durante o período de piracema, por pescadores paraguaios da cidade Puerto Vale-Mi.

Moradores da região, que preferiram não se identificar, reclamaram do baixo efetivo da PMA (Polícia Militar Ambiental) para realizar fiscalizações na região. “São paraguaios que estão retirando peixes ali do Apa, que está muito baixo”, afirma um dos moradores.

De competência da União, o Rio Apa, assim como outros rios que cortam o território sul-mato-grossense, está com pesca proibida desde o início de novembro quando ocorre o período desova dos peixes. A chamada piracema acontece todos os anos, quando as espécies nadam rio acima para a reprodução.

Conforme moradores, exemplares teriam sido retirados do Rio Apa, próximo a Porto Murtinho, por pescadores paraguaios (Foto: Direito das Ruas)
Conforme moradores, exemplares teriam sido retirados do Rio Apa, próximo a Porto Murtinho, por pescadores paraguaios

A PMA ainda não tomou conhecimento do caso ocorrido próximo a colônia Ingazeira. Conforme o tenente-coronel Edmilson Queiroz, casos como este são comuns durante este período devido a vulnerabilidade de fiscalização na região. “A fronteira é extremamente problemática entendeu. Dificilmente a gente consegue pegar, porque até brasileiros ficam do lado paraguaio e a gente não pode nem pisar lá”, explica.

A dificuldade aumenta já que a foz do Apa com o Rio Paraguai está dentro do território Paraguaio, o que limita a atuação das autoridades brasileiras. A PMA garante que está com equipe na região e vai solicitar averiguação do caso.

Em outubro deste ano, a PMA atuou em dois casos envolvendo a presença de pescadores brasileiros e paraguaios, em rios da fronteira. Realizados antes do período de piracema, os casos resultaram principalmente em apreensão de utensílios de pesca proibidos pela lei, como espinheis.

Em um das operações, os pescadores paraguaios e brasileiros armam muitos petrechos ilegais no rio, pela facilidade de fuga em território do país vizinho. Na ocasião, foram fiscalizadas 47 embarcações e apreendidos 50 espinheis com 1500 anzóis grande e 165 anzóis de galho no rio Paraguai.

 

 

 

Campo Grande News – Tainá Jara