Vídeo: Dono conta que achou cão já debaixo d’água em ataque de sucuri

Ao ver o cachorro ser abocanhado por uma sucuri em Jaborandi (SP), o médico veterinário Paulo Sérgio Marqueti não teve outra reação senão a de tentar salvar o animal de estimação. Negão, como é chamado, quase virou refeição da cobra no sábado (16). Ele só escapou por causa da coragem do dono. “Não pensei duas vezes”, diz Marqueti ao se lembrar do momento em que pulou na água para resgatar o cão.

Durante o resgate, o médico veterinário contou com a ajuda do adestrador Adilson Tosi e do filho dele, Miguel Tosi, companheiros das trilhas de bicicleta pela zona rural.

O ataque aconteceu na região da lagoa do Pirola, a três quilômetros de Jaborandi. O trio seguia por uma estrada rural acompanhado de dez cães, quando percebeu que havia alguma coisa errada com Negão. O cachorro foi surpreendido pelo bote da sucuri ao descer um barranco para beber água.

Sucuri pressiona corpo do cachorro Negão, enquanto o médico veterinário tenta salvá-lo em Jaborandi, SP — Foto: Miguel Tosi/Arquivo pessoal
Sucuri pressiona corpo do cachorro Negão, enquanto o médico veterinário tenta salvá-lo em Jaborandi, SP — Foto: Miguel Tosi/Arquivo pessoal

“Nós deixamos as bicicletas e eu pulei na água. Eu consegui encontrar os dois embaixo d’água e puxar eles para fora. Aí a gente foi conseguindo fazer com que ela desenrolasse dele e ela soltasse da boca. Ela pegou na pele do pescoço dele”, diz o médico.

Luta pela sobrevivência

 

Miguel travou uma batalha com a sucuri para fazer com que ela desistisse do cachorro. O vídeo feito pelo estudante Miguel Tosi mostra o esforço dos três para liberar Negão das presas do réptil, enquanto os outros cachorros estão desorientados.

Só após 20 minutos de luta e da força de três homens é que a cobra finalmente largou o cachorro.

“Eu não consegui abrir a boca dela com a mão. Eu catei pedaços de pau, cana seca inclusive, fui fazendo o calço dos dois lados e depois coloquei no meio da boca dela. Foi onde ela soltou o animal”, diz Adilson.

Com medo da lagoa, Negão recebe carinho do dono Paulo Sérgio Marqueti, em Jaborandi, SP — Foto: Fabio Junior/EPTV
Com medo da lagoa, Negão recebe carinho do dono Paulo Sérgio Marqueti, em Jaborandi, SP — Foto: Fabio Junior/EPTV

Segundo o adestrador, se o grupo estivesse um pouco mais longe, não haveria tempo de salvar o cachorro. “Não teve tempo de pensar muito. Teve que pular na água, senão o animal se afogaria”, afirma.

Amor e respeito

 

Negão é um dos xodós do médico veterinário. Ele está acostumado aos passeios pela zona rural do município, mas nunca passou por um apuro deste.

“A gente não pensa, porque tem muito amor no bichinho. Ele é o companheiro da gente, está sempre com a gente. O que vem na cabeça da gente nesse momento é salvar o animal”, diz Marqueti.

O cachorro Negão quase virou refeição de uma sucuri de quatro metros em Jaborandi, SP — Foto: Fabio Junior/EPTV
O cachorro Negão quase virou refeição de uma sucuri de quatro metros em Jaborandi, SP — Foto: Fabio Junior/EPTV

O cachorro sofreu ferimentos leves no pescoço, mas passa bem. Nesta segunda-feira (15), ao voltar ao local do ataque, ele não pareceu muito à vontade ao se aproximar da beira da lagoa, nem mesmo com o dono ao lado.

Apesar do susto e da dificuldade, Marqueti diz que em momento algum pensou em ferir a cobra para resgatar o cão.

“Ela está no ambiente dela, nós que o invadimos. Com o desmatamento, os animais têm poucas áreas de refúgio. Ela precisa se alimentar e é nesses momentos que ela tenta. A gente achou que não era certo matá-la. Conseguimos soltar o Negão e liberar para que ela siga a vida dela tranquilamente”.

Ciclistas devolvem sucuri à lagoa após salvarem o cachorro Negão de ataque em Jaborandi, SP — Foto: Miguel Tosi/Arquivo pessoal
Ciclistas devolvem sucuri à lagoa após salvarem o cachorro Negão de ataque em Jaborandi, SP — Foto: Miguel Tosi/Arquivo pessoal

Perigo

 

O ataque ao cachorro serviu ainda de alerta para a população de Jaborandi. Aos finais de semana durante o verão, é comum ver crianças nadando na lagoa, segundo o trio.

“A gente voltou dez minutos depois e ela estava posicionada, esperando outro animal chegar ali ou uma pessoa para atacar de novo. Uma pessoa sozinha não sai dela”, diz Adilson

 

Confira o vídeo abaixa da reportagem da EPTV:

 

 

 

 

Por G1 Ribeirão Preto e Franca