Após polêmicas, Energisa vai ser investigada na Assembleia

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa fornecedora de energia elétrica Energisa já tem 23 assinaturas de deputados da Assembleia Legislativa. A informação é do deputado Lídio Lopes (Patriotas), um dos parlamentares a criticar a primeira proposta de comissão que foi apresentada pelo deputado Renan Contar (PSL), na semana passada. “Agora sim temos uma CPI com fato determinado. Antes era só para deputado se promover. O parlamento precisa ser respeitado”, declarou Lopes.

Relógio adulterado de consumidor será a prova usada, pelos parlamentares, para investigar irregularidades na empresa – Foto: Luciana Nassar/AL-MS

O deputado do Patriotas se referia ao vídeo gravado pelo deputado federal Loester Trutis (PSL) em que o parlamentar usa a fachada da Assembleia Legislativa de fundo para criticar aqueles que não assinaram a proposta do seu correligionário. “Vídeo nenhum vai me obrigar a assinar CPI, agora esse documento (proposta de criação de CPI apresentada pelo deputado Felipe Orro-PSDB) tem consistência”, disse Lopes.

Em contrapartida ao vídeo e também as 23 assinaturas para criar nova CPI, Contar respondeu em sua rede social. “Apesar de não aprovar a forma como o deputado federal Loester Trutis se referiu aos deputados estaduais que não assinaram a CPI, uma coisa é possível considerar: foram retiradas algumas assinaturas da CPI que propus e aparentemente encontraram o “fato determinado”, quando começou uma nova coleta de assinaturas para instaurar uma nova CPI Energisa, assinada agora por muitos deputados. Deixemos nossos egos e diferenças de lado e que seja logo instaurada essa CPI”, escreveu Contar.

Durante a sessão de ontem (5), um dia após Trutis ter gravado vídeo xingando os deputados de “bundas-moles”, Contar não compareceu à sessão. Hoje o parlamentar também não estava presente. A justificativa da ausência desta quarta-feira (6) foi de que Contar estava participando da comemoração aos 300 dias de governo do presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PSL), em Brasília.

ENTENDA

Há duas semanas, o deputado Renan Contar pediu para que fosse criada CPI para investigar a Energisa, alegando que estava recebendo muitas reclamações de consumidores sobre o aumento abusivo da tarifa. Porém, apenas cinco deputados aderiram a proposta, os demais não quiseram assinar, justificando que o documento de Contar faltava um fato determinado e que ele estaria usando a ideia como palanque para se promover.

Contar é a proposta do PSL estadual, liderado pela senadora Soraya Tronicke, para concorrer a Prefeitura de Campo Grande, em 2020. Essa questão chegou a gerar conflitos entre o candidato da senadora e o deputado Coronel David (PSL), visto que David era presidente da sigla municipal, mas foi substituído por Contar, a mando de Tronicke.

Após Contar não conseguir o número suficiente de assinaturas para instaurar a CPI na Assembleia, seu correligionário, deputado federal Loester Trutis, usou as redes sociais para postar vídeo chamando os que não assinaram de “bundas-moles”. Em contrapartida, os parlamentares abriram comissão de ética, repudiaram a atitude de Trutis em plenário e decidiram criar uma nova CPI. “Queremos uma CPI da Casa e não de parlamentar que quer se promover. Não vou me deixar ser usado por deputado nenhum”, disse o deputado Neno Razuk, um dos cinco que tinham assinado a CPI que era de autoria de Contar. Além de Razuck, os outros quatro (João Henrique Catan, Evander Vendramini, Antônio Vaz e Lucas de Lima) também retiraram seus nomes e aderiram a nova CPI.

A nova proposta de comissão para investigar a Energisa foi apresentada ontem pelo deputado Felipe Orro (PSDB). “Eu avisei o Contar que iria apresentar; eu estava atrás de fato determinado e agora temos”, justificou Orro ao declarar que consumidor contratou empresa elétrica para fazer comparativo de consumo de dois relógios. “Empresa colocou relógio ao lado de outro relógio, a pedido de consumidor e comprovou que tinha erro. Dono de propriedade rural, consumidor pagou empresa para fazer medição paralela”, afirmou o tucano.

Diante das evidências apresentadas por Orro, os demais 22 deputados assinaram a proposta. Contar não assinou porque estava em Brasília, mas disse nas redes sociais que vai apoiar.

A CPI vai passar pela avaliação da Mesa Diretora e depois será publicado em diário oficial. “A CPI tem 120 dias para apresentar resultado, vai pegar o recesso”, finalizou Orro.

 

 

*Correio do Estado – Izabela Jornada