Em Cassilândia, detentos aprendem a confeccionar tralhas de cabeças para equinos

O atual mercado de trabalho oferece várias oportunidades aos profissionais que confeccionam as tralhas utilizadas nos animais que atuam na lida do campo, com grande demanda principalmente aqui no Mato Grosso do Sul, onde a agropecuária é uma das principais atividades econômicas e o uso destes materiais é grande.

De olho nesse nicho profissional, custodiados da Penitenciária de Cassilândia foram capacitados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no curso de “Confecção de Tralhas de Cabeça para Equinos”, com material sintético.

A iniciativa integra uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, e o Sindicato Rural de Cassilândia.

Com carga horária total de 40 horas/aula, o curso preparou os alunos inscritos para a confecção de três peças: cabeçada, cabresto e rédeas; todos produzidos com fios de polipropileno, um material sintético altamente resistente e com ótimo preço.

Segundo o instrutor do Senar, Benedito Carlos de Oliveira, a confecção demora dois dias e o material custa cerca de R$ 36,00 por kit. “E pode ser vendido por R$ 150,00, então, dá para se tirar um lucro bom”, calculou. Benedito destacou que o material tem boa aceitação e serve tanto para vender quanto para uso na lida do campo, já que o polipropileno tem grande durabilidade, pois possui prazo de validade quase indeterminado, já outros materiais, como o couro, têm validade máxima de dez anos. “Por causa disso, muitos fazendeiros também aderiram a este material”, comentou.

Com a participação de 12 internos, a capacitação teve 100% de aproveitamento, pois todas as vagas oferecidas foram preenchidas. “É oportuno mencionar o envolvimento de todos os setores da unidade, para que fosse possível a realização dessa qualificação, principalmente o de Psicologia, que cuida do Setor Educacional e de cursos”, elogiou o diretor do presídio, José Carlos Marques.

Conforme o dirigente, a qualificação aos detentos é resultado de buscas por parcerias. “Logo após eu assumir a direção, em abril deste ano, fizemos contatos com vários segmentos da sociedade, entre os quais o Sindicato Rural, buscando parcerias e meios de qualificação aos internos, sendo este o primeiro, de muitos outros que virão a seguir”, disse Marques. “Essas capacitações representam uma esperança a esses homens para se ressocializarem”, complementou.

O reeducando Ricardo Pereira da Conceição foi um dos capacitados e agradeceu a possibilidade de participar do curso, pois representa uma oportunidade profissional quando deixar a prisão. “É uma experiência que poderei utilizar na rua”, afirmou, reforçando que pretende encontrar um emprego e “mudar de vida”.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Cassilândia, Cilas Alberto de Souza, e a mobilizadora da instituição, Cintia Cristina Rosa, a experiência de propiciar essa qualificação ao presídio foi inédita e bastante positiva. “Certamente outros cursos de qualificação serão ofertados à unidade penal, já que foi muito bem aceito e não foi possível contemplar a demanda de internos que se inscreveram para o curso”, afirmou o presidente.

Capacitações realizadas em unidades prisionais de Mato Grosso do Sul são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio de sua Divisão de Educação. A solenidade de conclusão do curso de “Confecção de Tralhas de Cabeça para Equinos” foi realizada no último dia 18 de outubro. A qualificação envolveu aulas referentes ao primeiro módulo.

Representantes do Sindicato Rural, Senar e Penitenciária de Cassilândia participaram da certificação dos concluintes.
Representantes do Sindicato Rural, Senar e Penitenciária de Cassilândia participaram da certificação dos concluintes.

 

Agepen (colaborou Matheus Henrique Silva Drexler)