Da Máxima, líder do PCC ordenava assassinatos e havia plano de extermínio em Costa Rica

De dentro do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande, Edson Chaves de Brito, o Malboro de 38 anos, teria ordenado pelo menos 28 assassinatos contra inimigos do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Mato Grosso do Sul. A informação foi revela pelo próprio preso em ligações interceptadas durante investigações da Operação Yin-yang, realizada em fevereiro deste ano.

Conforme a denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) a justiça, Edson é “Geral da Rua”, integrante da cúpula do PCC responsável por comandar roubos, latrocínios, furtos, sequestros e execuções de rivais da facção.

Em um das conversas gravadas, Malboro repassa informações sobre um assassinato em Maracaju. Ele conta que coordenou o assassinato de Carlos da Silva Caldeira – morto em março de 2018 em uma casa noturna da cidade – e se gaba de “ter ordenado 28 homicídios em menos de dois meses”.

Mesmo preso, ele autorizava sequestros, organizava o monitoramento aos alvos e mudança de cantoneira (casa usada como cativeiro para as vítimas), além de ordenar as execuções. As investigações constaram que Malboro comandava os crimes não só em Campo Grande, mas também em várias outras cidades do Estado.

Ligações interceptadas mostram plano de “extermínio” contra integrantes do Comando Vermelho, facção rival do PCC, em Costa Rica, São Gabriel e Sonora.

Em Costa Rica pelo menos três integrantes da facção rival foram marcados para morrer pelas mãos do grupo. Na cidade de São Gabriel do Oeste o pedido de autorização feito a Malboro era para “cortar a cabeça” dos inimigos. Em Sonora os bandidos chegaram a monitorar os alvos e receberam até ajuda da Capital.

Por telefone, Malboro avisou a um dos comparsas que estava enviado a cidade “dois irmãos e dois companheiros com umas peças de fazer defunto”. O interno ainda confessou a ordem de execução para Rafael Cícero dos Santos, de 27 anos, encontrado morto em um terreno baldio no dia 1º de abril do ano passado também em Naviraí.

Malboro também organizou vários sequestros de dentro do presídio. Em um deles, ordena que uma jovem suspeita de ter furtado armas da facção seja levada para “dar explicações” e orienta os sequestradores se aproximarem como se fosse “polícia, de preferência com roupas de polícia”.

Nas várias ligações interceptadas fica comprovada a posição de destaque de Malboro na organização criminosa e o envolvimento dele não só nos vários homicídios, mas também na compra e repasse de armas de fogo para integrantes da facção paulista. Aquisições de várias armas foram flagradas durante as investigações.

Em uma conversa ele chega a afirmar para um dos comparsas que antes de assumir o comando, o Estado estava em guerra e sem nenhuma arma. “Agora estamos com 20 ferramentas”, defende.

Entenda – As investigações da Operação Yin-yang começaram após o Gaeco identificar líderes da organização criminosa comandando as atividades da facção de dentro dos presídios do Estado.

Após meses de apuração, foi descoberta a atual estrutura do PCC e a identidade de integrante da “cúpula” da facção.

A investigação identificou 48 integrantes da facção e resultou em cinco denúncias a justiça. Edson foi denunciado com outros nove integrantes da facção: Allyson Lemes de Freitas, o Noventa de 34 anos, Edvaldo Gomes dos Santos, conhecido como Hungria ou Neguim de 25 anos, Jacqueline Michelle Spessato, a Loira de 39 anos, João Paulo Batista de Jesus, o Andróide, de 21 anos, Jonas Alexandre de Oliveira, conhecido como Capitão de 46 anos, Jonas da Silva Ferreira, o Zé Diego de 42 anos, Robson Chaves de Brito, de 38 anos, Ronielson Ferreira dos Santos, vulgo Cipriano de 31 anos e Weliton Júnior Ribeiro, o Kamikaze de 25 anos.

 

 

*Campo Grande News