Aluna da Uefs cria inseticida artesanal a partir de sementes de planta que ajuda a combater Aedes Aegypti
A pesquisa de uma estudante da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) resultou na criação de um inseticida artesanal, feito a partir das sementes de uma planta de espécie “nim”, que ajuda no controle do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A substância, conforme a estudante, é capaz de matar as larvas do mosquito em 24h.
A azadiractina, substancia encontrada no extrato da planta, foi o objeto de pesquisa de Layse Emanuelle Reis, mestranda em ecologia e evolução na UEFS. O estudo resultou na dissertação de mestrado da estudante, que começou a ser produzido há um ano e meio.
Layse queria encontrar uma alternativa simples e barata para controlar o mosquito em regiões com risco de epidemias de arboviroses.
“O que chama a atenção nessa planta é a ação dela como bioinseticida e a facilidade de produzir de forma artesanal para poder combater as larvas do mosquito, transmissor das arboviroses”, contou a estudante.
O professor Gilberto Mendonça, que foi o orientador de Layse durante a pesquisa, ressaltou que os poderes inseticidas do nim já são comprovados e existem algumas marcas comerciais que vendem a substância no mercado.
Segundo ele, os preços nem sempre são acessíveis à todas as comunidades e, por isso, o inseticida artesanal foi criado como uma alternativa de baixo custo.
“A pesquisa surgiu da vontade de preparar um inseticida que fosse economicamente barato e que fosse fácil de ser produzido. Assim, para que qualquer dona de casa com algumas sementes conseguisse produzir os inseticidas que vão diminuir os problemas das arboviroses”, disse o professor.
Gilberto Mendonça, no entanto, alerta sobre o cultivo exagerado do nim.
“Ainda que se recomende o plantio de nim para fins específicos, de produção de inseticidas naturais, para arborização urbana ela não é recomendada. Pode levar a morte das abelhas e a gente não quer que isso aconteça. É verdade que é uma árvore bonita, mas é uma arvore que pode por em risco o nosso planeta porque vai matar os polonizadores, as abelhas. Não é essa a mensagem que queremos passar para as próximas gerações”, explicou.
Durante o experimento, Layse testou o extrato das folhas da planta, mas descobriu que o da semente, onde há mais concentração da substância, é tão bom quanto o inseticida à base de nim industrializado.
O inseticida natural desenvolvido pela estudante é feito da seguinte forma: para cada 400g de macerado de sementes de nim, coloca-se um litro de água. A mistura deve descansar por 24h antes de pode ser utilizada.
O resultado dos estudos em laboratório comprovaram a morte de 76% por cento das larvas em um espaço de 12h.
Origem
A planta da espécie nim é de origem indiana e foi trazido da Filipinas para o Brasil, na década de 90. Ela se adaptou bem às condições climáticas de várias partes do país, principalmente em regiões semiáridas, por ser resistente a seca e suportar temperaturas elevadas.
Por ter um crescimento rápido, em 3 anos, a árvore pode chegar a três metros de altura. Ela produz os frutos entre 3 e 5 anos depois de plantada.
Por Madalena Braga, TV Subaé