Mato Grosso do Sul tem na agropecuária uma de suas maiores forças econômicas. De acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o estado tem 12 cidades entre os 100 principais municípios agropecuários do país. O ministério baseou seu trabalho na variação do Produto Interno Bruto (PIB) municipal apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2014 e 2016.
Colocando em números o tamanho da produção agrícola, segundo a Federação Agricultura e Pecuária Mato Grosso do Sul (Famasul), a área de soja na safra 2018/2019 em Mato Grosso do Sul alcançou a marca de 2,900 milhões de hectares, o que equivale, aproximadamente, à extensão territorial da Bélgica, que é de 3 milhões de hectares.
Força que também é traduzida em geração de renda e desenvolvimento. O G1 conversou com alguns dos principais municípios agropecuários de Mato Grosso do Sul e mostra a importância do agro para essas cidades.
Maracaju é o primeiro lugar do estado na lista do MAPA e 15° no Brasil. “A economia do município é impossível de desvincular do agronegócio, a interferência é direta em vários setores. Maracaju só é o que é hoje pelo agro”, diz Frederico Felini, secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente da cidade. Ainda segundo o secretário, em época de colheita, a injeção de recursos na economia de Maracaju chega a R$ 1 bilhão.
O município tem aproximadamente 283 mil hectares de soja plantada, 250 mil hectares de milho e 60 mil hectares de cana-de-açúcar. De acordo com o sindicato rural de Maracaju, a cidade é a maior produtora de milho do estado na safra deste ano e foi a maior produtora de grãos no ano passado. Foram mais de 817 mil toneladas de soja e 1,5 milhão de toneladas de milho colhidos na safra 2018/2019, ainda segundo dados do sindicato rural e da Famasul.
Números que refletem também na geração de empregos de Maracaju. Conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico, o município tem um saldo positivo de 463 vagas abertas em 2019, o quinto melhor resultado de Mato Grosso do Sul no ano.
Em 27° lugar na lista dos principais municípios produtores agropecuários do país e em 4º no estado , está Sidrolândia. De acordo com o sindicato rural, o município é o segundo maior produtor de grãos no estado, com 195 mil hectares de área plantada de milho safrinha (produção de 75 a 85 sacas por hectare) e 215 mil hectares de soja (produção de 48 a 50 sacas por hectare).
A cidade ainda se destaca na produção de aves, com 8 milhões de cabeças – líder do ranking estadual – e na produção de ovos, com 6 milhões de dúzias, a segunda maior de Mato Grosso do Sul. Os números elevados também fazem Sidrolândia ter, no agro, o grande aliado para geração de empregos.
Conforme o sindicato rural do município, 22% dos empregos gerados na cidade vêm diretamente do campo. Colocando as agroindústrias na balança, o número deve mais que dobrar, já que, ainda segundo a entidade, 30% dos postos de trabalho – cerca de 2.600 – vêm das indústrias. Aproximadamente 2.000 deles são da Seara, empresa do setor agropecuário. Com isso, o número de empregos gerados direta e indiretamente pelo agro em Sidrolândia pode chegar a pouco mais de 4 mil.
Progresso do município que foi acompanhado pelo seu Ari Basso. Vindo do Rio Grande do Sul, o senhor de 72 anos chegou à cidade em 1973. Mesmo com a experiência em lavouras no Sul do país, a primeira colheita na propriedade não cresceu e Ari teve 400 hectares de produção perdidos. Foi quando ele percebeu que teria de fazer correção de solo.
“No ano seguinte já começamos a colher, e, desde então, foi só melhorando. Quando cheguei, Sidrolândia era um campo nativo, com cinco ou seis lavouras começando e hoje é uma potência em Mato Grosso do Sul”, conta, em entrevista por telefone.
Seu Ari ainda diz que a produção mudou totalmente. “Na época quando se colhia bem era 30 sacas, hoje colhe entre 70 e 80 sacas. Mas também o custo da lavoura hoje é mais alto, nem se compara. Acho legal que sempre convivemos com secas, chuvas, veranicos, mas felizmente nunca tivemos problemas para tirar o sustento do agro”, comenta.
O homem de 72 anos acompanhou também todo o desenvolvimento do município. “Quando comecei a cidade tinha só seis mil habitantes, hoje tem quase 60 mil e só crescendo. Em todas as ruas vejo casas reformando ou construindo e o município continua crescendo, muito por conta do agronegócio”.
Outra cidade que também respira o agronegócio é Chapadão do Sul. De acordo com o sindicato rural do município, 70% da população de cerca de 32 mil habitantes vive da agricultura, ou seja, aproximadamente 22 mil pessoas.
O município ocupa a 77ª colocação no ranking das principais cidades com produção agropecuária do Brasil e a 8ª no estado. A agricultura empresarial é destaque, com as principais culturas sendo soja, que tem 60% da área plantada do município, e o milho, com 20%. Destaque também para indústrias de algodão e ração para confinamento de gado.
O município possui, ainda, grandes empresas instaladas, como SLC Agrícola, Grupo Schlatter, Fazenda Indaiá e Grupo Duch, além da Usina IACO Agrícola, de açúcar e álcool. Isso faz com que a arrecadação de impostos da cidade seja, em grande parte, vinda do agro.
Segundo Itamar Mariani, secretário de Finanças e Planejamento (SEFIP) de Chapadão do Sul, o município arrecada pouco mais de 70% de Imposto Sobre Serviços (ISS) vindos do agro, cerca de R$1,1 milhão. Ainda recebe do agronegócio entre 45 a 55% de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), valor que chega a aproximadamente R$ 2,7 milhões para a prefeitura.
A arrecadação com Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também tem importante participação do agro em Chapadão do Sul, com aproximadamente R$ 31 milhões – cerca de 70% – dos R$ 45 milhões recebidos pela prefeitura. No total, apenas de impostos vindos do agro, o secretário diz arrecadar mais de R$ 40 milhões em 2019, que devem ser aplicados em melhorias do município.
Confira os 12 municípios do estado que fazem parte do grupo dos 100 maiores produtores agropecuários do país e sua classificação neste ranking do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA):
- 15º lugar – Maracaju
- 23º lugar – Ponta Porã
- 24º lugar – Rio Brilhante
- 27º lugar – Sidrolândia
- 28º lugar – Dourados
- 49º lugar – Costa Rica
- 69º lugar – São Gabriel do Oeste
- 77º lugar – Chapadão do Sul
- 82º lugar – Nova Alvorada do Sul
- 90ºlugar – Caarapó
- 95º lugar – Aral Moreira
- 96º lugar – Laguna Carapã
Por João Pedro Godoy e Anderson Viegas, G1MS