O último feriadão antes do fechamento da pesca para a reprodução dos peixes promete levar muita gente às barrancas dos rios de Mato Grosso do Sul, e o melhor conselho para quem não quer estragar a diversão é respeitar as regras ambientais. Na sexta-feira (11.10) é feriado em celebração à criação do Estado, mas algumas categorias começam a folgar antes. Funcionários públicos estaduais, por exemplo, já não trabalham na quinta-feira pela antecipação do feriado do Dia do Servidor (28/10). E sábado é feriado nacional, Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
O período de defeso dos peixes se estende de 5 de novembro até 28 de fevereiro, conforme disciplina Resolução estadual editada em 2011. Nesse intervalo os peixes sobem os rios em numerosos cardumes na direção das cabeceiras para reprodução. Portanto, fica proibido todo tipo de pesca e quem for pego praticando a atividade será preso e terá todo material apreendido (incluindo barcos), além de pagar multa.
A única exceção é para os moradores das barrancas dos rios e que sobrevivem da pesca. Essas famílias podem retirar um exemplar ou até três quilos de peixes ao dia, para consumo próprio. “Essa regra só vale para famílias carentes que moram na beira ou próximas ao rio e que utilizam do pescado como fonte de proteína. Esse peixe não pode ser vendido, tem que ser para consumo da família. A Polícia Militar Ambiental vai fazer essa fiscalização”, alerta o diretor presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges. O Imasul é o órgão responsável pela normatização ambiental do Estado e está vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Preparo
Providência seguinte é se inteirar da legislação de pesca de Mato Grosso do Sul. Um passo a passo foi preparado pela equipe da Unidade de Recursos Pesqueiros do Imasul e pode ser acessado nesse link. Os petrechos proibidos tanto para pescador amador ou profissional é um dos itens mais importantes e que podem colocar a pescaria a perder. São eles: cercado, pari, ou qualquer outro aparelho fixo, do tipo elétrico, sonoro, luminoso; aparelhos de respiração e de iluminação artificial na pesca subaquática; fisga, gancho ou garateia pelo processo de lambada ou de chasco; arpão, flecha, espinhel e tarrafa; substâncias tóxicas, químicas ou explosivas; qualquer petrecho de emalhar, ressalvado o uso da tarrafa de isca do pescador profissional.
Restrições
Outro alerta: não são em todos os rios nem em toda extensão dos rios que a pesca é permitida. É totalmente vedada a pesca nos rios Salobra (Miranda e Bodoquena), Córrego Azul (Bodoquena), Rio da Prata (Bonito e Jardim), Rio Formoso (Bonito), Rio Nioaque (Nioaque e Anastácio) e nos rios localizados na Zona de Amortecimento do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema.
É permitida apenas a modalidade pesque e solte nos rios Perdido (Bonito, Jardim, Caracol e Porto Murtinho), Abobral (Aquidauana e Corumbá), Vermelho (Corumbá) e Rio Negro, no trecho que vai da desembocadura do córrego Lajeado, em Rio Negro, até a Fazenda Fazendinha, em Aquidauana.
Tamanhos
Locais definidos e tomadas as precauções necessárias, o anzol já pode ser arremessado com segurança. Na hora da fisgada, entretanto, o pescador consciente deve agir com cautela para não machucar o peixe, até porque nem tem certeza de que esteja no tamanho permitido para ser retirado do rio. “Se o peixe estiver fora da medida, deve ser devolvido imediatamente à água, com cuidado. E a pesca do dourado está proibida no Estado, se algum exemplar for fisgado tem que ser devolvido”, adverte a coordenadora da Unidade de Recursos Pesqueiros do Imasul, Fânia Campos.
A lei protege o peixe que ainda não alcançou a maturidade. A intenção é permitir que as espécies consigam se reproduzir e povoar os rios. As medidas das espécies cuja pesca está autorizada constam no decreto 15.166, de 2019. Jaú a partir de 95 centímetros, pintado aos 90 centímetros, cachara 83 cm, pacu 45 cm, curimbatá 38 cm, piavuçú 38 cm, barbado 60 cm e piraputanga 30 cm. O decreto traz as medidas mínimas e máximas de outras espécies também, portanto deve ser consultado pelo pescador antes de separar o peixe que pretende levar.
Uma vez que o peixe esteja na medida, pode ir à caixa. O cuidado, agora, é com a quantidade que pode ser levada para casa. A cota permitida para transporte de pescado válida para essa temporada consta no mesmo. São cinco quilos, mais um exemplar de qualquer espécie e peso e mais cinco exemplares de piranha. Além disso, o pescador pode levar qualquer quantidade de espécies não nativas das bacias hidrográficas. Exemplos são a tilápia, tucunaré, bagre africano e carpa.
Punições
“Apesar de todo alerta, da importância das medidas ambientais para preservação das espécies, todos os anos a PMA faz apreensões e prisões. Essas pessoas agridem a natureza, estragam o próprio feriadão, ficam proibidas de voltar a pescar, pagam multa, enfim, arrumam um problema enorme. Portanto, não vale a pena correr esse risco. Vamos agir corretamente que tudo ficará bem. Mato Grosso do Sul precisa de pescador consciente”, avisa André Borges.
João Prestes – Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)
Fotos: Saul Schramm/Subcom MS