Nas primeiras horas desta quinta-feira (19), um homicídio e a imagem de um cachorro ao lado do corpo do dono chamaram a atenção dos três-lagoenses. Ronaldo Maldonado Callau, 57, foi morto a golpes de faca na calçada de sua casa, no bairro Vila Nova. Segundo apurações da polícia, suspeito e vítima podem ter se desentendido, e com ambos sob o efeito de álcool o crime teria acontecido. O homem que teria confessado o crime é Juarez Alves da Costa, 54. Ele estaria morando de favor na casa de Ronaldo.
Antes de ser vítima fatal desse brutal homicídio, Ronaldo foi uma vítima da dependência do álcool. Apesar de todo esforço para se libertar do vício em bebida, ele teve diversas recaídas. Cristão, Ronaldo buscou a igreja em vários momentos. Para os colegas de trabalho, Ronaldo representava alguém gentil e bom de serviço. Ele já trabalhou como soldador, serviços gerais, entre tantos outros empregos.
Recentemente Ronaldo estava sóbrio e, segundo conhecidos, teria até reatado com a ex-mulher. Entretanto, o vício falou mais alto e mais uma vez o elo entre marido e mulher se rompeu.
Natural de Corumbá (MS), Ronaldo veio para Três Lagoas há cerca de 15 anos e atualmente morava sozinho, em uma casa cedida por sua mãe. E foi lá que ele foi morto. Sua família era sua mãe e irmã, que o visitavam sempre que podiam, segundo conhecidos. A ex-mulher, Roseli, mora em Três Lagoas. Ela é a pessoa que está tomando frente de toda burocracia para o enterro de Ronaldo. Apesar de separados, o carinho e amizade entre os dois resistiram aos problemas com o vício.
AMIGO FIEL
E aqui falamos sobre o amigo fiel de Ronaldo, o Rambo, de dois anos. Os dois cruzavam a cidade de ponta a ponta. Ronaldo não saía de casa sem o Rambo, só para trabalhar.
Quando Rambo era pequeno, Ronaldo colocava suas patinhas no cano da bicicleta e no guidão, e assim “mediam” rua, passeando por toda a cidade. Vizinhos e amigos viram repetidas vezes essa cena.
Mas agora o Rambo estava grande, o que impossibilitava Ronaldo de carregá-lo, mas não impedia Rambo de acompanhar o amigo, correndo ao lado da bicicleta. Ele nunca abandonou o dono, e assim foi até seu último suspiro.
Na cena do crime, com o corpo de Ronaldo coberto, Rambo se manteve sentadinho ao lado de seu companheiro, o que chamou a atenção e comprovou mais uma vez o quanto os animais são fiéis aos seus donos.
O alcoolismo é um problema social e de saúde pública. Ajudar a quem precisa e lutar por políticas públicas é um bom começo. Que Ronaldo descanse em paz. Que a justiça seja feita, e que Rambo seja acolhido por um lar e um dono com amor, respeito e admiração pela lição passada por esse animalzinho.
* Guta Rufino Perfil News – Foto: Gil do Jupiá