Protesto de jogadores, arbitragem polêmica, gol anulado, bola na trave… Elementos não faltaram para fazer de Comercial e Aquidauanense uma semifinal digna do Estadual 2019 neste domingo (7). E, quebrando tabus, o azulão interiorano levou a melhor: venceu por 2 a 1 em pleno Morenão e está na final da competição.
A vitória era apenas o que interessava ao time de Aquidauana, depois do empate sem gols entre os mesmos clubes na última quarta-feira (3), na cidade interiorana. Por ter melhor campanha, o Manda Brasa jogava por nova igualdade no marcador nesta tarde.
Mas o Azulão buscava mais que uma vaga na final. Buscava também a chance de fazer história. Campeão da Série B em 2018, o clube se torna o primeiro a ser finalista da elite estadual no ano seguinte.
Até então o ‘recorde’ pertencia ao Chapadão do Sul, campeão em 2009 e que caiu na semifinal em 2010. O Coxim chegou ao título estadual em 2006, mas fora vice da Série B no ano interior.
Além disso, um outro tabu cai com a classificação do Aquidauanense. Depois de seis anos Campo Grande ficará sem representantes nas competições nacionais (Copa do Brasil e Série D do Brasileirão), já que campeão e vice são indicados pela Federação para os torneios.
A última vez fora em 2013, quando Águia Negra e Naviraiense, respectivamente campeão e vice estadual do ano anterior, foram os representantes nacionais do Estado.
O Aquidauanense espera agora pelo vencedor de Águia Negra e Sete de Dourados, que jogam às 17h (de MS), em Rio Brilhante. o Rubro-Negro, clube de melhor campanha do torneio, chega com ampla vantagem, após vencer o duelo de ida por 3 a 1. Data e horário do primeiro jogo ainda serão definidos pela federação.
O JOGO
O frio era só fora de campo na Capital. Pois dentro de campo no Morenão, as coisas estavam bem quentes.
Antes da partida, os jogadores do Colorado protestaram contra os salários atrasados, sentando no gramado por um minuto. Poderia ser um sinal de que as coisas seriam fáceis aos visitantes. Mas não foi o que aconteceu. O jogo foi aberto, disputado e recompensou os 764 torcedores presentes (renda de R$ 8.480).
Por mais que aos 14 minutos Tiziu desviou à trave um cruzamento para os visitantes, o Manda Brasa respondeu rápido. Cinco minutos depois, Piauí sai lkivre na cara do gol e chutou por cima do arqueiro, perdendo um gol que seria feito. Aos 30, mais uma resposta comercialina. Lucas recebeu enfiado na área e chutou sem chances para o camisa 1 azulino Diego, acertando o travessão.
Duas bolas na trave, chances boas. Faltava a polêmica. A primeira do jogo. E ela veio aos 35, para os visitantes. Rodrigo Jesus recebeu cruzamento da direita e chutou. Rodolfo defendeu. Segundo os comercialinos, quem desviou a bola foi o atacante do Aquidauanense, no rebote. Mas o juiz deu escanteio e na cobrança, Jesus salvou as almas azulinas, abrindo o placar.
O gol obrigou o Comercial a se arriscar mais na área. Empurrado pela torcida, o Manda Brasa buscou articular melhor as jogadas de ataque. E foi recompensado aos 45. Após cobrança de falta, os comercialinos chutaram cruzado para o miolo da área. E apareceu o zagueiro André Bahia para desviar e empatar.
A promessa era de um jogo ainda mais intenso na etapa final. E foi de certa forma o que aconteceu. Logo aos 6, o atacante Jô aproveitou um vacilo da zaga colorada, que rebateu cruzamento dentro da área e empurrou às redes para virar ao Aquidauanense e definir a classificação.
Evidente que era muito cedo para saber disso. E as esperanças vermelhas eram grandes e até foram comncretizadas três minutos depois, quando André Bahia desviu cobrança para o fundo do gol, que foi anulado por marcação de impedimento, feito suficiente para causar a revolota dos mandantes.
A partir daí, com a pressão da polêmica arbitragem e tendo que fazer um gol, o Comercial se lançou ao ataque de maneira desordenada. O Aquidauanense se segurou. E levou a melhor. Com o apito final, o nervosismo cantou mais alto pelo lado do Manda Brasa, cujo jogadores buscaram confusão com o árbitro, os jogadores adversário e até entre eles mesmos.
“Por isso que nosso futebol é essa bosta que é, coloca essas merdas para pitar. Árbitro mal intencionado, que nos prejudicou, afetou nosso desempenho, amarrou o jogo. Acabou com qualquer chance da gente reagir”, desabafou o goleiro Rodolfo após o jogo, na rádio ‘Esporte MS’. “Fomos roubados, e quem for para final que abra o olho.”
Não importava mais. Melhor para o Azulão, que volta à final do Estadual pela segunda vez em sua história. Na primeira, em 2011, perdeu para o Cene.
RAFAEL RIBEIRO correiodoestado