O juiz de Sidrolândia (MS), Fernando Moreira Freitas da Silva, decidiu mandar a júri popular Hugleice da Silva, cunhado da vítima Marielly Barbosa Rodrigues, e o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes por provocarem aborto e ocultarem o corpo da jovem em maio de 2011.
A defesa de Hugleice disse ao G1 que ainda não foi notificado e ainda vai tomar conhecimento sobre a decisão do juiz em relação ao pronunciamento.
A reportagem tenta contato com a defesa do enfermeiro Jodimar.
A jovem tinha 19 anos na época dos fatos. Segundo a denúncia, ela desapareceu quando foi levada de Campo Grande até Sidrolândia – município a 70 km da capital de Mato Grosso do Sul – pelo cunhado para realizar o aborto. Os dois tinham um relacionamento sexual e não queriam a criança.
Hugleice teria contratado os serviços do enfermeiro Jodimar por R$ 500. No dia 21 de maio, a jovem morreu após o aborto malsucedido. Os dois acusados levaram o corpo da vítima até a estrada vicinal a 4,2 km da rodovia MS-162, na caminhonete do cunhado da vítima. Ele confessou o crime, na época, e foi preso.
Ao todo, foram ouvidas 12 testemunhas, além de duas que o Ministério Público e a defesa de Hugleice desistiram. Para o magistrado, os fatos ficaram comprovados por meio do boletim de ocorrência noticiado o desaparecimento da vítima, teste de gravidez positivo, boletim de ocorrência noticiado a localização do corpo em Sidrolândia, laudo de perícia necropapiloscópica de identificação de cadáver, laudo necroscópico, auto de exibição e apreensão na casa de Jodimar, laudo de perícia papiloscópica, pesquisa de sangue humano no local onde o corpo foi encontrado, auto de reconhecimento fotográfico realizado por Luzimara, termo de acareação realizada entre Jodimar e Hugleice, auto de reconhecimento realizado por Hugleice e Luziamar, reconhecimento Jodimar, boletim de ocorrência de ameaça registrado pela testemunha Luzimara contra Jodimar, exame físico e descritivo farmacológica dos remédios e utensílios encontrados na residência de Jodimar, auto de apreensão das caminhonetes da empresa de Hugleice, quebra de sigilo telefônico, laudo de pesquisa de sangue humano nas macas encontrado na residência de Jodimar.
A principal testemunha, Luzimara Medeiros do Amaral, foi ouvida quatro vezes, sendo três durante as investigações policiais e uma em juízo. As primeiras versões ela disse que viu Marielly chegar com Hugleice na casa de Jocimar, e que teria visto a jovem nua sobre a maca. Mas diante do juiz ela disse que não se recordava dos fatos e que havia sido pressionada a prestar os depoimentos anteriores.
Na decisão, o juiz pronunciou os dois acusados pelos crimes de provocar aborto com o consentimento da gestante – que prevê pena de reclusão, de um a quatro anos – com a qualificadora de lesão corporal de natureza grave que acaba em morte, aumentando a pena em um terço. Além disso, incluiu o crime de ocultação de cadáver que define a punição de reclusão de um a três anos e multa.
Prisão
Hugleice está preso desde novembro de 2018, em Rondonópolis (MT) por tentativa de homicídio contra a irmã de Marielly, com quem é casado desde 2005. Ele deu um golpe de faca no pescoço da mulher. Mesmo assim, o juiz decretou a prisão preventiva contra o acusado.
Por outro lado, Jodimar vai responder em liberdade por ter cumprido todas as medidas cautelares impostas.
Por Juliene Katayama, G1 MS