Maníaco da Cruz pode ser transferido para hospital onde ficou Bandido da Luz Vermelha

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Dhyonatan Celestrino, 23, conhecido como “Maníaco da Cruz”

Dhyonatan Celestrino, 23, conhecido como “Maníaco da Cruz”, pode ser transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Doutor Arnaldo Amado Ferreira, a Casa de Custódia de Taubaté, no interior de São Paulo. O local já abrigou João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha; e Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque.

O rapaz está recluso no Instituto Penal de Campo Grande, no bairro Noroeste, e teve um surto no domingo (20). Com um cabo de vassoura quebrado e feito como lança, ele feriu um agente penitenciário de 36 anos, além de cuspir em outros servidores e jogar a marmita que comia no almoço no chão.

Ele passa por acompanhamento psiquiátrico semanalmente e a cada 90 dias é submetido a um laudo, que também é encaminhado à Justiça Estadual. Celestrino, que matou três pessoas quando tinha 16 anos, já cumpriu sua pena. Contudo, ele foi diagnosticado como impossibilitado do convívio social e por isso continua preso. No Instituto Penal, o rapaz vem fazendo faculdade a distância de gestão ambiental, mas depois do surto ele está em ala totalmente isolada.

O diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ailton Stropa, confirmou que falou na tarde desta segunda-feira (21) com o secretário de Estado de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, para solicitar vaga para transferência do Maníaco da Cruz.

“Expliquei a situação e vamos ver se conseguimos sensibilizá-lo. O secretário comentou que também precisa lidar com o caso do Chico Picadinho (Francisco da Costa Rocha)”, comentou Stropa. Chico Picadinho esquartejou duas mulheres nos anos de 1966 e 1976 e segue preso em Taubaté após ser considerado perigoso para viver em sociedade.

Ao se confirmar a vaga, a Agepen precisará solicitar a transferência à Justiça. “Vamos procurar em outros Estados, se for necessário”, comentou o diretor-presidente da Agepen.

CASO PSIQUIÁTRICO

Membro da Associação Sul-matogrossense de Psiquiatria, Juberty Antônio de Souza, afirmou que Celestrino depende de atendimento médico talvez para toda a vida. Segundo ele, no Estado não há estrutura para abrigá-lo. “Não há vagas. A Santa Casa tinha 30 leitos, mas a estrutura está ruim. O Hospital Nosso Lar enfrenta crise e não há interesse político para se criar leitos.”

Juberty ressaltou que manter o Maníaco da Cruz em uma unidade que não seja especial coloca em risco a vida de funcionários. “Em São Paulo, há um hospital em Taubaté que seria o mais recomendado”, sugeriu.

MANÍACO

Em 2008, Dhyonatan foi apreendido depois de matar três pessoas em Rio Brilhante, a 158 quilômetros de Campo Grande.  As vítimas, o pedreiro Catalino Gardena, a frentista Leticia Neves de Oliveira e a jovem Gleice Kelly da Silva, foram assassinadas depois de responder uma série de perguntas e serem consideradas impuras. Os corpos eram colocados com os braços abertos em cemitérios, o que gerou ao rapaz a alcunha de “maníaco da cruz”.

Na época, com 16 anos, o rapaz foi encaminhado para a Unidade Educacional de Internação (Unei) de Ponta Porã. Ele chegou a fugir por pouco mais de um mês, até ser recapturado pela polícia paraguaia no município de Horqueta. Sua transferência para a Capital ocorreu em seguida, tendo sido isolado em ala psiquiátrica da Santa Casa em maio de 2013.

Com laudos que apontavam sua incapacidade de convívio social, o Ministério Público de Ponta Porã solicitou a internação compulsória de Dhyonatan que, em julho de 2013, foi internado em ala psiquiátrica do Presídio de Segurança Máxima e, posteriormente, no Instituto Penal onde permanece em cela isolada.

 

Correio do Estado