O mês de janeiro de 2019 foi o mais quente dos últimos 15 anos em Mato Grosso do Sul. Conforme o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec/ MS), desde 2004 o Estado não registrava temperaturas tão altas, alcançando até 41,3ºC no interior e 37,9ºC, na Capital. O período também foi atípico no que diz respeito as chuvas, que ficaram abaixo da média em pelo menos 40 cidades.
De acordo com coordenadora técnica do Cemtec, meteorologista Franciane Rodrigues, as temperaturas tingiram níveis máximos em todas as regiões do Estado, registrando até cinco graus acima da média para o mês no Estado, que é 35ºC. “O último ano com comportamento semelhante foi em 2004, segundo nosso banco de dados”.
Ainda segundo a meteorologista, a região Sudoeste foi a que registrou as temperaturas mais altas nos últimos 31 dias. Em Porto Murtinho, o líder no Estado em termos de valores extremos, os termômetros alcançaram 41,3ºC.
Em Campo Grande, o mês de janeiro também foi o mais quente. A temperatura máxima registrada foi de 37,9 °C, no dia 23. Além disso, também choveu pouco na Capital, sendo que o acumulado foi de 55,6 milímetros, correspondendo a 22% do esperado para o mês. Em 2018, o volume de chuva passou de 110 milímetros.
JANEIRO SECO
A grande razão para o clima atípico, conforme a meteorologista, está nos sistemas de alta pressão a médios níveis da atmosfera, que bloqueiam a chegada de frentes frias e fazem com que as temperaturas aumentem muito e pouca chuva seja registrada. “Esses sistemas não são normais para o verão, pois eles bloquearam todos os sistemas meteorológicos de chuva, fechando o mês de janeiro com acumulados muito abaixo da média aqui no Estado”, disse.
As altas pressões resultam da descida do ar frio. A rotação da terra faz o ar, ao descer, circular à volta do centro de alta pressão. No Hemisfério Norte, o ar desloca-se no sentido horário e, no Hemisfério Sul, no sentido anti-horário. Quanto mais baixa a altitude maior a pressão atmosférica.
Se a força exercida pelo ar aumenta em um determinado ponto, consequentemente, a pressão também aumentará. Essas diferenças de pressão têm uma origem térmica, estando diretamente relacionadas com a radiação solar e os processos de aquecimento das massas de ar.
“Em Mato Grosso do Sul, neste janeiro, apenas cinco municípios (Dourados, Fátima do Sul, Itaporã, Maracaju e Nova Andradina) estiveram com acumulados de chuva acima da média, de acordo com 45 sensores monitorados. Ano passado, 10 municípios tiveram com acumulados acima da média, o que demostra uma diferença de comportamento”, explicou Rodrigues.
Correio do Estado