Algodão deve render 10% a mais em MS

Com 34 mil hectares, o algodão poderá ter aumento de 10% na produção nesta safra em Mato Grosso do Sul. Segundo dados da Conab, a produção pode render 150,5 mil toneladas de algodão em caroço, que se tornam 61,7 mil toneladas de pluma. No Estado, 28,9 mil hectares são de primeira safra e 5,1 mil hectares de segunda safra. Os pacotes tecnológicos aplicados nesta cultura são, na maioria, provenientes de recursos próprios, pois, como em MS a principal cultura da primeira safra é a soja, a expansão da área de cultivo de algodão é lenta, embora já existam cooperativas que compram e beneficiam o algodão em caroço para processamento na indústria têxtil, fabricação de óleos e ração animal.

De acordo com a assistência técnica da Conab, os produtores da região norte e nordeste do Estado (regiões de maior produção) tiveram de interromper o plantio em meados de dezembro em razão do veranico. Com a retomada das chuvas no fim do último mês do ano passado, houve o término das operações de plantio.

As lavouras plantadas estão em estádio vegetativo; o período crítico são os estádios entre a floração e a frutificação da cultura. Atualmente, a estiagem tem sido a maior preocupação por parte dos produtores e, até o presente momento, não há expectativa de perda de produtividade na cultura, sendo previsto em torno de 4.800 kg/ha para o algodão primeira safra e aproximadamente 4.200 kg/ha para o segunda safra.

As pragas e doenças das lavouras estão sob controle, pois, como são poucos produtores de algodão no Estado, os tratos fitossanitários são facilitados, já que os focos e índices de contaminação são reduzidos. Na última semana de dezembro, as lavouras de primeira safra se encontravam com plantio finalizado e em desenvolvimento vegetativo, correspondendo a aproximadamente 85% do total, e o restante em germinação. Os produtores se mostraram confiantes quanto ao aquecimento do mercado do algodão e algumas das justificativas dizem respeito à balança comercial têxtil, além da progressão da qualidade do produto ao longo das safras, que tem tido melhora significativa.

Expectativa

A expectativa é de que a safra nacional 2018/19 de algodão em pluma alcance novamente recorde de produção, impulsionada pela elevação da área semeada. Esse crescimento, por sua vez, está associado à maior rentabilidade do algodão diante das demais culturas concorrentes em áreas e ao ambiente favorável para contratos antecipados (a serem cumpridos em 2019 e também 2020), de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Nessas condições, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil continua como o quarto maior produtor do mundo e, ultrapassando a Índia, deve se tornar o segundo principal exportador, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

No período de tomada de decisão sobre a temporada 2018/19, o algodão era uma das poucas culturas com expectativa de manutenção de preços atrativos. Com isso, produtores tradicionais e também aqueles com disponibilidade de crédito e possibilidade de colheita e beneficiamento terceirizados aumentaram a área e/ou passaram a cultivar algodão.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, os embarques de pluma foram intensos nos últimos cinco meses de 2018, somando 670,3 mil toneladas – em dezembro/18, o volume mensal foi recorde, de 214,6 mil toneladas. Caso esse bom ritmo se mantenha, os volumes totais a serem exportados até julho/19 podem atingir recordes ou superar o excedente doméstico (de 1,3 milhão de toneladas).

 

Rosana Siqueira – Correio do Estado