Duas mães do município de Figueirão procuraram a polícia depois que suas filhas, adolescentes, foram expostas e difamadas em vídeos distribuídos nas redes sociais. Nas imagens, as fotos das vítimas foram usadas em montagem com uma música ofensiva, sendo associadas a “marmitinhas”, “vagabundas” ou “mulheres de bandido”.
O fato ganhou repercussão pois envolve também meninas de vários municípios de Mato Grosso do Sul, tais como Campo Grande, Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Coxim, Sonora. Uma mulher de 29 anos, do lar, disse que ficou em choque ao ver a foto da filha e que não pensou em outra coisa a não ser em denunciar o caso.
A filha dela tem 14 anos, participa da Patrulha Mirim da Polícia Militar e é aluna dedicada. “Usaram uma foto recente dela em São Paulo. Minha filha não merecia isso. De manhã ela vai para a Patrulha, à tarde para escola e volta direto pra casa, a vida dela é essa. Não quero para ela o mesmo que não quero para o filho dos outros”, disse a mãe, que registrou boletim de ocorrência.
Outra mãe, de 42 anos, disse que a filha de 17 anos também foi exposta e espera que as autoridades punam os responsáveis. “Independentemente do que ela tenha feito, ninguém tem direito de expor a vida de outra pessoa desta forma. A menina está muito abatida. Ela está de férias em Campo Grande e me disse, muito chateada, que se pudesse nem voltaria mais para a casa, de tanta vergonha”, lamentou.
Uma adolescente de Sonora, inclusive, abalada com o vídeo difamatório, teria cometido suicídio, conforme divulgado pelo jornal Edição MS. A vítima estava morando em outra cidade quando o fato veio à tona e os familiares, que não se declararam sobre o assunto, estariam retornando para Coxim, cidade natal dela.
4 Detidos
Na tarde de terça-feira, o Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo prendeu dois maiores e apreendeu dois adolescentes por praticarem crimes de difamação em grupos de WhatsApp e nas redes sociais. Segundo apurado, uma adolescente teria criado um vídeo que usavam para difamar a imagem, a honra e a respeitabilidade de várias meninas da cidade e região. Além disso, outro adolescente teria compartilhado o vídeo em seu status do WhatsApp e nas redes sociais.
Já outros dois adultos, identificados apenas como Rafael, de 21 anos, e Lucas, de 18 anos, teriam publicado comentários ofensivos no Facebook, tudo relacionado ao vídeo das meninas. O primeiro adulto teria dito que todas as meninas do vídeo seriam marmitas e que quem criou o grupo deveria ganhar um prêmio, e o segundo sujeito teria reforçado o comentário do amigo e falado que faria as meninas de marmitex.
O fato causou revolta das vítimas e grande repercussão na cidade, porque o vídeo foi parar em grupos e redes sociais de outros municípios. A Polícia Civil foi acionada pelas vítimas e prontamente iniciou diligências. A equipe de policiais civis conseguiu rapidamente identificar e conduzir todos os envolvidos para a Delegacia de Polícia.
Ao final de todo o procedimento, e depois de ouvir todo mundo, o Delegado concluiu pela prisão em flagrante dos maiores, porém, em relação aos dois menores, concedeu a eles o direito de responderem em liberdade, tendo em vista o que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os adultos, Rafael e Lucas, estão presos à disposição da Justiça, e os menores estão respondendo soltos.
Ao todo, os envolvidos responderão por 11 crimes de difamação, já que, até o momento, verificou-se que foram 11 vítimas de tais delitos. Mais uma ação exitosa da Polícia Civil de Ribas, demonstrando que crimes praticados pela internet, grupos de WhatsApp e Redes Sociais não passarão despercebidos e os autores serão devidamente responsabilizados.
Fonte: MS Todo Dia