Laranja de esquema milionário, trabalhador rural de Costa Rica se entrega à PF

O trabalhador rural de Costa Rica Romilton Rodrigues de Oliveira, o quarto alvo de mandado de prisão da Operação Computadores de Lama, sexta fase da Lama Asfáltica deflagrada ontem pela Polícia Federal, juntamente com a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União, se apresentou às autoridades no final da manhã desta quarta-feira, em Campo Grande.

Ele chegou à Superintendência Regional da PF, em Campo Grande, acompanhado do advogado, e em silêncio. Ele entrou rapidamente em um dos setores restritos da unidade e seguiu sem falar com a imprensa. Em seguida, o advogado saiu tentando cobrir o próprio rosto com chapéu de Romilton, alegando que não tinha nada a declarar naquele momento. O investigado deve prestar depoimento e ser levado ao presídio.

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, todos os alvos dos quatro mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça Federal Foram cumpridos. Ontem de manhã foram presos os empresários João Roberto Baird e Antônio Celso Cortez. No início da tarde se apresentou André Luiz Cance, ex-secretátio adjunto da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) da gestão do ex-governador André Puccinelli.

Romilton seria laranja de Baird, proprietário da Itel Informática e um dos chefes do esquema que envolve outras pessoas ligadas ao ex-governador. Conforme já noticiado, com salário modesto de R$ 1,3 mil, Romilton era usado no sistema de desvio de recursos públicos por meio de fraudes em licitações de produtos de informática e lavagem de dinheiro, e de acordo com investigações da PF, movimentou fortuna de R$ 6,536 milhões nos últimos anos, inclusive em contas no exterior.

Consta na denúncia que em 2009 Romilton era funcionário da fazenda da companheira de Baird, em Costa Rica, e ganhava os R$ 1,3 mil mensais. Em 2016, durante a segunda fase da Lama Asfáltica, Romilton declarou renda anual de aproximadamente R$ 13 mil e R$ 20 mil em bens.

No entanto, nas recentes investigações a PF descobriu que ele era “sócio” da empresa Ganadera Carandá Sociedade Anônima, no Paraguai, e constantemente repatriava recursos milionários. Na verdade, ele era mais um laranja do grande esquema montado pela organização criminosa. Eles fraudavam licitações e repassavam parte do dinheiro desviado para advogados que simulavam prestações de serviço. O dinheiro era transferido para um doleiro que enviava para o Paraguai e depois repatriava ao Brasil, boa parte, em nome de Romilton.

Esquema
Em nota, a PF disse que as investigações foram baseadas, em especial, nas remessas clandestinas de valores para o exterior realizadas por proprietários de empresas de informática investigadas nas fases anteriores da Operação Lama Asfáltica.

A deflagração da Operação Computadores de Lama decorreu da análise dos materiais apreendidos nas fases anteriores, cotejados com fiscalizações, exames periciais e diligências investigativas. As investigações também têm como objetivo apurar desvios de recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas em contratações de serviços de informática, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, simulação de contratos para o repasse de recursos ilícitos e utilização de “laranjas” para ocultação patrimonial.

Os prejuízos causados ao erário, somando-se todas as seis fases da Lama Asfáltica, consideradas as fraudes, valores concedidos irregularmente como benefícios fiscais e as propinas pagas a integrantes da Organização Criminosa passam dos R$ 432 milhões. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão.

Fonte: MS Todo Dia