Alcinópolis perde única médica da atenção básica homenageia cubana. UBSF de Figueirão não está funcionando
A notícia de que a médica cubana responsável pelo atendimento na Unidade Básica de Saúde da Família de Alcinópolis (MS) teria que ir embora, tornou-se o assunto da pequena cidade, Alcinópolis e Figueirão são as 2 cidades de Mato Grosso do Sul que ficarão sem médicos na atenção básica com a saída dos profissionais cubanos.
A chefe da UBSF do município que tem pouco mais de 5 mil habitantes, Jaqueline Barbosa Borges, conta que a médica cubana Diamela Clemente Angeliz ficou conhecida na cidade pelo respeito com que trata os pacientes: “Mais do que médica, ela é humana, ela se importa com a dor, a angústia do outro, e isso é raro. Aqui, nos tornamos uma família”, declara.
A Câmara Municipal da cidade preparou uma homenagem para a médica que há pouco mais de um ano atendia na cidade, e agora prepara-se para voltar à Cuba. Segundo o presidente, vereador Marcão, a partida da médica significa uma perda para a saúde e para a população:
“O profissional de saúde acaba se tornando parte da vida das pessoas, é alguém a quem confiamos o que temos de mais precioso”, afirma. A homenagem que será feita na próxima segunda-feira (26), “é para que ela saiba o quanto somos gratos por tudo”.
A enfermeira Jaqueline, que já trabalhou com outro médico cubano, conta que o modo como tratam os pacientes é diferente. “Quando atendem, eles não estão apenas trabalhando. São pessoas de outra cultura, outro país, que querem realmente dar o seu melhor para construir sua carreira aqui”.
“Essa semana, depois que saiu a notícia, a primeira paciente que ela atendeu veio consultar, e as duas choraram muito. Diamela é muito dedicada. É uma perda grande para a gente, ela sempre será parte de nossas famílias”, conta a enfermeira.
A médica Diamela, que continua atendendo na UBSF da cidade, conta que a notícia do fim do convênio deixou-lhe “com a alma dividida”. Ela não quer ir embora de Alcinópolis, mas se decidir ficar, terá que ficar 8 anos sem ver a família em Cuba.
A viagem de volta parta seu país está marcada para 5 de dezembro. Ela conta que um grupo de médicos que não quer ir embora do Brasil, pensam em um modo de ficar no país enquanto aguardam o edital para seleção do Mais Médicos para estrangeiros, previsto para dia 27.
“Minha vida é aqui. Estas pessoas são minha família, elas me acolheram, me ‘adotaram’. Sou feliz aqui, sou feliz no Brasil. É neste lugar que quero viver minha vida”, declara.
UBSF de Figueirão já não tem atendimento
A médica que atendia em Figueirão, a 246km da capital, já está na capital, a caminho de Havana, Cuba. Ela não quis comentar a respeito de sua saída da cidade. De acordo com o prefeito da cidade, Rogério Rosalin, com a saída da única médica cubana que atendia na UBSF, a prefeitura terá que investir cerca de R$ 10 mil PARA remanejar outro médico:
“Antes quem pagava era o Governo Federal, agora ,com a saída da doutora, temos que tirar um dos 3 médicos que atende na Unidade de Saúde e levá-lo para a UBSF”, explica o prefeito.
A moradora Ivanir Malaquias Ferreira, de 57 anos, diz que foi atendida uma vez pela médica cubana, e que sempre atendia seu pai, um idoso de 87 anos. Ela conta que ficou triste com a partida da médica: “É menos um especialista para a população, que já enfrenta um serviço complicado na saúde”.
Ivanir trabalha como serviços gerais do hospital da cidade, e conta que na noite dessa quinta-feira (22), o local estava lotado, e acredita que esse já seja um efeito do remanejamento emergencial de médicos na cidade.
Por Jaqueline Naujorks e Flávio Dias, G1MS