Rastros de sangue apontam morte violenta em caso de mulher que ficou 22 dias com corpo da mãe em casa

Perícia na casa da mulher de 45 anos, que ficou 22 dias com o corpo da mãe em casa e a enterrou no quintal, em Três Lagoas, na região leste do estado, aponta uma possível morte violenta. Ao G1 o delegado Marcílio Ferreira Leite, responsável pelas investigações, diz que o reagente luminol indicou muito sangue no trajeto que vai do quarto da vítima até o local onde ela foi enterrada.

“A perícia jogou o reagente em todos os ambientes da casa e o que chamou a atenção foi a quantidade de sangue, justamente do quarto da vítima até o quintal, onde ela foi enterrada. O material foi encaminhado para Campo Grande e estamos aguardando o resultado oficial. Ele deve apontar se é sangue humano. Desta forma, vamos fazer um confronto com o DNA deste sangue com o da vítima”, explicou o delegado.

Neste caso, a investigação aguarda uma autorização judicial, em que pode ocorrer a exumação do corpo da vítima. “Tudo indica uma morte violenta. Em todo caso, a filha nega o crime. Nós fomos até o presídio recentemente e, questionada durante 3 vezes, ela disse a mesma história: que a morte foi por causas naturais e que ela mesma fez o enterro em casa. Em momento algum, ela demonstrou arrependimento”, disse Marcílio.

O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. Além da mulher, outras testemunhas prestaram depoimento, entre eles o vizinho. “No dia em que a suspeita colocou o corpo da mãe no quintal, ela foi na casa do vizinho e perguntou a ele se estava sentindo algum mal cheiro, vindo do quintal dela. Como a pessoa negou, ela disse que poderia acontecer porque ela teria achado uma ratazana morta no local”, comentou na ocasião o delegado Ailton Freitas.

Contradições

Na época dos fatos, a filha também teria dito para amigas da idosa que ela morreu e a neta é quem chegou a cidade “para fazer o reconhecimento do corpo”, sendo que não houve velório. “Nós temos este depoimento da neta da vítima e também conversas telefônicas com estas amigas, apontando as contradições”, ressaltou Freitas.

Sobre a motivação do crime, a polícia aponta algumas hipóteses. “O corpo está bem decomposto e precisamos aguardar o laudo pericial, que demora alguns dias e ainda não está pronto. E também fica difícil apontar algo, porém nós acreditamos que ocorreu alguma agressão física ou então excesso em algum medicamento, por isso ela teria deixado o corpo na casa. Além da ocultação, ela pode ainda responder por homicídio e maus-tratos”, avaliou Ailton.

Entenda o caso

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva da mulher ao achar o corpo já em avançado estado de putrefação em Três Lagoas. Uma denúncia de maus-tratos, do Ministério Público Estadual (MPE-MS), é que levou uma equipe ao local. Após negar no início, a mulher acabou confessando o crime.

“Nós chegamos no local e ela comentou que cuidava da mãe, uma senhora de 76 anos. No entanto, ela tinha sumido e a filha não sabia do paradeiro. No início mentiu, porém, nós continuamos o interrogatório e ela então confessou o crime, mostrando o local onde colocou o corpo da vítima. Em seguida, nós acionamos a perícia e o Corpo de Bombeiros”, disse o delegado.

As equipes então seguiram até a rua Projetada, por volta das 19h (de MS), do dia 22 de outubro. No outro dia, a suspeita foi indiciada e encaminhada para o presídio da cidade.

Por Graziela Rezende, G1 MS