Diferentemente da maioria dos demais estados do Brasil, onde o cenário para o pleito municipal deste ano segue desfavorável à representação feminina, Mato Grosso do Sul terá em quase 30% dos seus 79 municípios candidaturas de mulheres para as prefeituras locais.
Até agora, conforme levantamento realizado pelo Correio do Estado, ao menos 22 cidades sul-mato-grossenses contam com candidaturas femininas para ocupar o cargo de chefe do Executivo municipal. Atualmente, o Estado tem oito municípios administrados por mulheres, o que representa pouco mais de 10% do total de cidades de MS.
São prefeituras como as de Campo Grande (com Adriane Lopes no comando), Sidrolândia (com Vanda Camilo),
Naviraí (com Rhaiza Rejane Neme de Matos), Laguna Carapã (com Zenaide Espíndola Flores), Jardim (com Clediane Areco Matzenbacher) e Água Clara (com Gerolina da Silva Alves). Todas as citadas tentarão a reeleição.
Além disso, ainda há Fátima do Sul, administrada por Ilda Salgado Machado, e Corguinho, da prefeita Marcela Ribeiro Lopes.
Porém, como ambas já foram reeleitas em 2020, não poderão sair candidatas novamente no pleito deste ano.
Os outros 16 municípios que têm candidaturas femininas para a prefeitura são Bataguassu, Bodoquena, Eldorado, Mundo Novo, Itaquiraí, Coronel Sapucaia, Amambai, Aral Moreira, Chapadão do Sul, Cassilândia, Alcinópolis, Terenos, Dourados, Três Lagoas, Fátima do Sul e Jateí.
Na capital Campo Grande, por exemplo, além da atual prefeita, Adriane Lopes, que vai tentar a reeleição, há ainda mais duas pré-candidatas: a deputada federal Camila Jara e a ex-deputada federal Rose Modesto, que apenas não oficializou a entrada, porém, para seus interlocutores mais próximos, já confirmou que vai disputar a prefeitura da Capital.
OUTRA REALIDADE
Desde 2000, apesar de alterações na legislação eleitoral, não há avanço na participação de mulheres comandantes do Executivo de capitais, isto é, cidades com maior peso político do País, cenário oposto do registrado no Brasil como um todo, onde nos municípios isso acabou dobrando (de 5,7% para 12%, embora estagnado desde 2012).
Nas últimas três disputas, apenas uma prefeita foi eleita. No próximo pleito, em seis capitais, não há até o momento pré-candidatas na corrida pelo cargo. Em outras nove, nomes de mulheres cotadas ainda não estão sacramentados. Além disso, em poucos casos, elas têm despontado como favoritas em pesquisas de intenção de voto.
Em São Paulo (SP), há duas pré-candidaturas femininas já confirmadas para o Executivo: Tábata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo). Em Belo Horizonte (MG), Duda Salabert (PDT) e Bella Gonçalves (Psol) pretendem concorrer. No Rio de Janeiro (RJ), o cenário ainda está indefinido e há apenas duas mulheres cotadas para a disputa: Dani Balbi (PCdoB) e Martha Rocha (PDT). Ainda não houve, no entanto, decisão dos seus respectivos partidos.
Historicamente, as siglas de esquerda foram as que mais elegeram mulheres, mas na última eleição municipal foi o PSDB o único a ter uma mulher eleita em uma capital: Cinthia Ribeiro, em Palmas (TO). Uma vez que ela já está em seu segundo mandato como prefeita, não poderá concorrer neste ano.
Os incentivos em lei para candidaturas femininas se concentram no Legislativo, e é responsabilidade dos partidos políticos ampliar a presença feminina na disputa. Ou seja, não houve um processo de conscientização das legendas sobre a igualdade de gênero nem no âmbito interno das siglas, tampouco no lançamento de candidaturas.
Nos cargos majoritários, há uma competição maior nos partidos, cuja decisão é tomada por pessoas mais influentes na sigla, que geralmente são homens brancos.
As alternativas seriam, além de uma mudança cultural, destinar uma fatia maior de recursos para candidaturas femininas e pensar em cotas internas nos partidos. Se mulheres ocuparem os cargos de poder de decisão dentro da estrutura partidária, elas terão mais relevância na hora de escolher quem será o candidato.
Enquanto isso, o País fica longe de refletir nas prefeituras a participação feminina na população brasileira, uma vez que as mulheres são mais da metade (51,5%). Em 2020, considerando todo o universo de municípios, elas foram eleitas em 12% do total.
A legislação já prevê que 5% dos recursos do Fundo Partidário sejam aplicados em programas de incentivo à participação feminina, mesmo que fora de ano eleitoral. Então, os partidos de fato têm papel importante nessa promoção. Contudo, há também outro fator: a própria população, que tem que ativamente eleger mais mulheres.
As eleições de candidaturas femininas em grandes capitais, como Marta Suplicy (2000) e Luiza Erundina (1988) em São Paulo, foram consideradas pontos fora da curva.
As cotas no Legislativo podem levar a mais nomes femininos a cargos majoritários, uma vez que muitas candidatas a prefeituras, por exemplo, vêm das Câmaras Municipais, das Assembleias Legislativas ou do Congresso Nacional