A Campanha da Fraternidade de 2025 é lançada oficialmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nesta Quarta-feira de Cinzas (5), em Brasília. O tema é “Fraternidade e Ecologia Integral“, e o lema é “Deus viu que tudo era muito bom“.
🌳O conceito de Ecologia Integral se origina do documento Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, elaborado em 2015. O texto, que completa 10 anos, aborda a responsabilidade dos cristãos na defesa da vida e do meio ambiente.
“Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental que vivemos, e as suas raízes humanas, dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”, diz o Papa no documento.
Durante a cerimônia de lançamento, o secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília, Dom Ricardo Hoepers, afirmou que a escolha do tema traz a importância do magistério do Papa Francisco.
“Desde o início, [ele] se preocupou com a natureza, com as populações tradicionais, aqueles grupos mais vulneráveis que por causa das crises climáticas sofrem consideravelmente e com mais intensidade. É momento de rezarmos pelo Papa e por um mundo melhor, com mais consciência ecológica integral”, diz o bispo.
O Papa está hospitalizado em Roma, na Itália, desde 14 de fevereiro devido à pneumonia dupla. No boletim médico divulgado na terça-feira à noite, a Santa Sé destacou que o estado de Francisco era “estável” e que “não teve episódios de insuficiência respiratória, nem broncoespasmo”.
De acordo com o bispo Dom Ricardo Hoepers, o tema da campanha deste ano faz ecoar uma “urgente conversão e consciência dos pecados contra a criação que desfigura e destrói o meio ambiente”.
“A obra criada [por Deus] está sendo ferida, aviltada, destruída. O pecado iludiu o nosso coração humano fazendo-nos pensar que poderíamos dominar e saquear todos os bens, de modo a consumi-los ao nosso bel prazer, sem medir as consequências do desastre do mau uso dos recursos naturais”, disse o bispo.
Durante o lançamento da campanha, também foi lida uma carta escrita pelo Papa Francisco, no dia 11 de fevereiro. “Louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, (veja a carta completa mais abaixo).
São Francisco de Assis é figura central do cartaz da Campanha da Fraternidade 2025
São Francisco de Assis é a figura que se encontra no centro do cartaz da Campanha da Fraternidade 2025. O santo é considerado padroeiro de todos os que estudam e trabalham no campo da ecologia, sendo amado também por muitos que não são cristãos, diz a CNBB.
De acordo com o documento redigido pelo Papa Francisco, o santo também manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados.
No cartaz, além de São Francisco de Assis, é possível observar nas laterais a natureza e a civilização representadas:
- na esquerda aparece a diversidade dos biomas brasileiros;
- na direita estão as grandes cidades, divididas entre as comunidades marginalizadas, nas favelas e periferias, e os grandes arranha-céus.
De acordo com a CNBB, a campanha de 2025 busca promover reflexões sobre a importância da ecologia integral, para que a sociedade enxergue a beleza da criação e as necessidades socioambientais.
“A ideia é que as pessoas questionem os comportamentos egoístas e consumistas”, diz a CNBB.
📌A Campanha da Fraternidade é celebrada nacionalmente desde 1964. A cada ano, a mobilização simboliza um tema para refletir e preparar o fiel no decorrer do Tempo da Quaresma – os 40 dias em preparação para a Páscoa – com atitudes de oração, jejum e caridade.
Mensagem do Papa Francisco para o lançamento da Campanha da Fraternidade 2025
“Queridos irmãos e irmãs do Brasil,
Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual, contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).
Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10 anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.
Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era «preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa Comum.
Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas.
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.
Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.
Franciscus”