Em todo o país, os casos de dengue não param de subir e preocupam população e autoridades. São mais de 650 mil casos confirmados e 94 mortes este ano, no Brasil, mas, apesar do cenário alarmante, Mato Grosso do Sul apresenta número de casos aquém do ano passado. Especialistas alertam que o pior está por vir.
Número de casos mais baixos que no mesmo período do ano passado em Mato Grosso do Sul, não significam que a situação é confortável. Na verdade, os números mostram que o pico de casos de dengue acontecem a partir de março no Estado. Dados de 2023, mostram alta significativa de casos a partir da semana 9 até a semana 20, ou seja, entre março e maio.
Médica infectologista, Mariana Croda explica que Mato Grosso do Sul está em fase de preparação para época de maior incidência da doença, que historicamente acontece a partir de março. Por enquanto, os dados estaduais de dengue não são alarmantes.
“A gente acredita que para combater a dengue precisamos de modalidades multimodais, e a vacina é mais uma arma que a gente tem. Na epidemia desse ano, a gente já deve conseguir sentir diferença com a vacinação, entretanto pega uma faixa etária que não é de maior risco, a gente continua muito preocupado com idosos, os extremos de idade, que são populações sob risco e sem proteção”, afirma a pesquisadora.
A secretária-adjunta de Saúde de MS, Christinne Maymone, explica que o Governo criou um comitê de enfrentamento contra a dengue e espera a adesão dos 79 municípios. “O momento agora é de vigilância, prevenção, controle, exatamente para a gente poder nos organizar e evitar internações e óbitos”, conta.
Mato Grosso do Sul tem 3 mortes suspeitas de dengue
O número de mortes investigadas por suspeita de dengue em Mato Grosso do Sul subiu de um para três no intervalo de seis dias. A quantidade de casos prováveis cresceu de 2.686 para 2.723 no mesmo período, o que representa alta de 1,37%. Os dados constam no Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, com dados atualizados até a última sexta-feira (16).
O índice de incidência da doença está em 98,8, número superior ao observado anteriormente em 97,4 na semana passada.
Os casos prováveis são a soma de casos em investigação, casos confirmados e ignorados. Não são considerados os casos descartados.
Dos mais de 2,7 mil casos prováveis de Mato Grosso do Sul, 748 (27,47%) são sobre casos confirmados. Os demais 1.975 (72,53%) são notificações em investigação ou ignorados.
80% dos focos de dengue estão dentro de casa
Mato Grosso do Sul acendeu o alerta para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. De acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saúde), 80% dos focos estão dentro das residências e a população precisa ficar atenta para eliminar os focos do vetor das doenças.
“Em primeiro lugar nós precisamos informar a população que mais de 80% dos focos positivos estão nas residências. Caixa d’água, calhas, latinhas, lixo doméstico, oriento para que não deixem nenhum lugar com água acumulada. É muito importante que neste momento os moradores compreendam a necessidade e mantenham a casa livre de mosquito. Vamos eliminar toda a água parada, assim estaremos eliminando o mosquito e evitando a doença”, explicou o coordenador estadual de controle de vetores da SES, Mauro Lúcio Rosário.
O ciclo de reprodução do mosquito é rápido, de aproximadamente oito dias. A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil realizou uma reunião com representantes dos órgãos estaduais e instituições parceiras. No encontro, foi tratado sobre o estado de alerta em saúde pública e a necessidade de visita às residências para garantir a eliminação dos criadouros.
Vacina sozinha não faz milagre
A vacinação contra a dengue começou em todo o país, porém, apenas uma faixa etária será imunizada. A recomendação dos especialistas em saúde é de que os cuidados sejam integrados, incluindo vacina, ações do poder público e limpeza dos quintais domésticos.
Pesquisador em saúde pública da Fiocruz, Felipe Naveca explica que a vacina não é um milagre no combate contra a dengue. “Não temos vacina para todo mundo neste momento e por isso precisamos manter as medidas de controle do mosquito em casa, para que a gente trabalhe junto e tenha uma resposta integrada contra a dengue”, afirma.