A Lavoro, maior rede de revendas agrícolas do Brasil, anunciou o fechamento de 70 lojas no país após enfrentar uma forte restrição de crédito por parte de fornecedores e bancos.
A escassez de insumos nos últimos meses afetou diretamente as vendas da companhia, especialmente no período crítico da safra de soja, levando a uma revisão drástica da projeção de receita para 2025. A empresa agora estima faturar entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões, bem abaixo da previsão anterior, que variava de R$ 8,6 bilhões a R$ 9,2 bilhões, representando uma queda de 21% no ponto médio da estimativa. Além disso, a Lavoro também descartou qualquer crescimento no Ebitda em relação a 2024, contrariando previsões anteriores.
O impacto da crise de crédito se agravou após a recuperação judicial da Agrogalaxy, uma das grandes varejistas de insumos agrícolas do país, que desestabilizou o mercado e levou ao encolhimento do financiamento de estoques. Como consequência, a Lavoro precisou cortar custos e eliminar sobreposições herdadas de aquisições passadas. O fechamento das 70 lojas deve reduzir as vendas do segmento de distribuição em aproximadamente 10%. No entanto, parte dos gargalos operacionais já começou a ser solucionada por meio de renegociações com fornecedores, permitindo a recomposição dos estoques desde janeiro. Apesar das dificuldades, a empresa aposta na melhora da confiança do agricultor e na expectativa de maior rentabilidade no setor para impulsionar sua recuperação ao longo do ano.
No balanço do primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, que compreende os meses de julho a setembro de 2024, a Lavoro registrou uma queda de 23% na receita do varejo agrícola, atingindo R$ 1,55 bilhão, com destaque para a retração de 37% no cluster norte, que inclui o Mato Grosso. Apesar desse cenário desafiador, a divisão industrial Crop Care teve um crescimento de 68% na receita, impulsionado por fertilizantes especiais e defensivos pós-patente. No consolidado, a receita total caiu 13%, para R$ 2 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado recuou 5%, ficando em R$ 54 milhões, com margem de apenas 2,7%. O prejuízo líquido, por sua vez, saltou de R$ 71 milhões para R$ 267 milhões, impactado principalmente por mudanças no imposto diferido, que contribuíram negativamente com R$ 152 milhões